Miguel Relvas: Lusófona acatará decisão do Tribunal
O administrador da Universidade Lusófona, Manuel Damásio, disse
que a instituição vai aguardar e acatar qualquer decisão do
Tribunal Administrativo relativamente ao relatório da
Inspeção-Geral de Educação e Ciência que envolve a licenciatura de
Miguel Relvas.
Manuel Damásio falava à agência Lusa a propósito do envio para o
Ministério Público do relatório da Inspeção-Geral de Educação e
Ciência (IGEC), que envolve a licenciatura de Miguel Relvas (que se
demitiu quinta-feira do cargo de ministro-Adjunto e dos Assuntos
Parlamentares), para que este decida sobre a "invalidade de um ato
de avaliação de um aluno".
O presidente do conselho de administração do grupo Cofac, que detém
a Universidade Lusófona, escusou-se a comentar a demissão do
ministro Miguel Relvas e sobre o relatório da IGEC declarou que a
instituição vai cumprir todas as decisões do Tribunal
Administrativo de Lisboa.
"O doutor Miguel Relvas tem de aguardar a decisão do Tribunal
Administrativo e, no nosso caso [Lusófona] vamos cumprir os
despachos, cumprir as leis, como sempre fizemos", disse Manuel
Damásio.
Manuel Damásio adiantou também que a universidade vai ser sujeita a
uma ou mais inspeções, salientando que a universidade está
preparada para tudo.
"Vamos fazer o que o senhor ministro entender. Estamos bem
preparados e bem apetrechados para cumprir toda a reforma de
Bolonha e creio que nesse aspeto somos a universidade portuguesa
mais bem preparada", frisou.
Questionado sobre um eventual efeito negativo para a universidade
motivado por esta polémica, Manuel Damásio respondeu que a Lusófona
"tem os defeitos que os outros têm, tem virtudes e defeitos" que
tenta corrigir e vencer, acrescentando que "o tribunal vai decidir
quem tem razão e a Lusófona vai acatar".
O Ministério da Educação referiu no dia 4 de abril, em comunicado,
que segundo a IGEC existe "prova documental de que uma
classificação de um aluno não resultou, como devia, da realização
de exame escrito".
Tendo isso em conta, e, "face à limitação dos poderes da tutela", o
ministério de Nuno Crato decidiu acatar a recomendação da IGEC para
"comunicar o caso ao Ministério Público, para que, junto do
Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, dele possa extrair os
devidos efeitos legais", refre o Ministério, sem fazer referência a
Miguel Relvas.
A eventual anulação da licenciatura de Miguel Relvas será motivada
pelo fato de o ex-ministro ter completado uma cadeira, que exigia
um exame escrito, com uma prova oral baseada em sete artigos de
jornal que ele próprio escreveu e terá sido o único aluno da
licenciatura em Relações Internacionais e Ciência Política que não
realizou qualquer prova escrita para passar na cadeira, nem foi
avaliado pelo professor responsável pela docência que estava
inscrito.
O caso da licenciatura de Miguel Relvas começou a dar polémica por
causa do número de equivalências que obteve na Universidade
Lusófona no ano letivo 2006/2007.
Miguel Relvas apresentou dia 4 de abril a sua demissão do Governo,
liderado por Pedro Passos Coelho, ao fim de 22 meses e várias
polémicas, garantindo que saía por "vontade própria" e por falta de
"condições anímicas".