Coimbra estuda alterações climáticas na agricultura
É preciso mitigar efeitos
Os eventos climáticos extremos "vão ser cada vez
mais frequentes e de maior duração e os agricultores vão ter de se
adaptar, encontrando novas formas de gestão agrícola e
agroflorestal por forma a tornar este setor mais resiliente às
alterações climáticas", afirma o cientista José Paulo Sousa, do
Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenador de uma equipa de
investigadores portugueses que participa no estudo internacional
ECOSERVE, que está a avaliar os efeitos das alterações climáticas
nos processos biológicos do solo.
Os primeiros resultados do estudo revelam que uma medida para
mitigar os efeitos de eventos climáticos extremos, nomeadamente
períodos prolongados de seca, passa pela utilização de variedades
de plantas cultiváveis com as caraterísticas mais adequadas para
promover o sequestro de carbono no solo, de modo a aumentar o uso
eficiente da água e dos nutrientes. Um maior teor de carbono no
solo implica uma maior capacidade de o solo reter água e
disponibilizá-la para as plantas, logo menor é a necessidade de
rega.
O trabalho científico, publicado na revista "Journal of Applied
Ecology", comprovou, também, que o tipo de agriculta praticada
influencia o sequestro de carbono no solo. Segundo os
investigadores, os sistemas de cultivo orgânicos, sistemas em que a
utilização de químicos é muito reduzida e onde os resíduos de uma
cultura são utilizados como fonte de matéria orgânica para a
cultura seguinte, originam maiores stocks de carbono no solo do que
sistemas de cultivo convencionais.
O estudo ECOSERVE envolve, além da equipa da Universidade de
Coimbra, investigadores de Espanha, França, Holanda, Suécia e
Suíça.