Construção da Esart
Ministério diz sim, ministros nim
A construção da Escola Superior de Artes
Aplicadas (Esart) poderá estar em risco. Depois da componente
nacional estar garantida pela câmara albicastrense, dos fundos
comunitários assegurados e do Ministério da Educação ter dado ordem
para o lançamento do concurso público, o Conselho de Ministros
aprovou uma resolução contrária.
A resolução aprovada no início de
Março em Conselho de Ministros determina, no âmbito do Quadro de
Referência Estratégico Nacional (QREN) "a rescisão das decisões
relativas à aprovação de operações, há mais de seis meses, sem
execução física e financeira, e a reavaliação imediata dos
programas orientando a sua reprogramação para o crescimento, a
competitividade e o emprego".
Acontece que a construção da Esart
ainda não tem qualquer execução física, já que só há cerca de um
mês o Ministério da Educação e Ciência deu luz verde para que o
Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) pudesse lançar a
obra a concurso, o que já aconteceu.
Até à hora de fecho da nossa edição
a situação mantinha-se indefinida, apesar dos esforços do
presidente do IPCB, Carlos Maia, em a tentar desbloquear.
Esta situação levou a deputada
socialista Hortense Martins, eleita por Castelo Branco, a
questionar os ministérios da Economia e da Educação sobre este
assunto. Na questão enviada, na passada terça-feira à Assembleia da
República, a deputada questiona: "tendo em conta que está
assegurado todo o financiamento através do POVT (fundos
comunitários) e da Câmara de Castelo Branco e que já foi lançado o
concurso da obra, vai o Governo retirar do QREN o financiamento que
estava programado e aprovado, quando o atraso da não execução até
ao momento, não cabe ao IPCB mas ao próprio Governo?".
Na carta enviada aos dois
ministérios, Hortense Martins considera a decisão "incompreensível
e inaceitável", já que "não é da responsabilidade do IPCB o atraso
no lançamento do concurso, pois este só podia ser feito depois da
aprovação por parte do Ministério da Educação e Ciência, o que só
aconteceu em Fevereiro de 2012".
A deputada revela que "o IPCB ainda
ultrapassou a falta de financiamento nacional através de um
protocolo com a Câmara de Castelo Branco". Hortense Martins adianta
que "está completamente assegurado o financiamento para o projecto
ESART, tanto através de fundos europeus como da participação da
própria autarquia, não resultando qualquer encargo para o Orçamento
de Estado".
Para a deputada o impedimento da
realização da obra por parte do Governo só "pode ser entendido como
uma má vontade de discriminação negativa injustificada para com
Castelo Branco, para com o Interior e para com o ensino superior
politécnico".
Hortense Martins recorda também que
o projecto de instalações definitivas para a Esart data de 2000,
estando aprovado pelo Ministério da Educação e Ciência.
De referir que a Esart foi criada
em 1997 e ocupa instalações provisórias na Escola Superior Agrária
de Castelo Branco, tendo neste momento 744 alunos em quatro cursos
de licenciatura e cinco de mestrado. Carlos Maia, presidente do
IPCB, já referiu ao Reconquista, a importância das novas
instalações, lembrando que este é um processo que já se arrasta há
muito tempo. "A construção da escola será uma obra emblemática para
a cidade e para a região. O novo bloco pedagógico vai garantir
melhores condições de ensino e mais prestação de serviços à
comunidade a uma escola que apesar da sua idade tem um grande
prestígio a nível nacional e internacional e que tem ganho diversos
prémios não só em Portugal como no estrangeiro", disse.
A própria Assembleia Municipal de
Castelo Branco aprovou por unanimidade o protocolo entre a
autarquia e o Instituto Politécnico, no sentido de ser a Câmara a
assumir a componente nacional da obra. O custo da nova Esart é de
cerca de cinco milhões de euros e tem o financiamento comunitário
de 70%, sendo o restante pago pela autarquia, o que faz com que o
Orçamento de Estado não tenha qualquer custo.