Covid-19: Politécnicos de Viseu e de Leiria criam ventiladores em tempo recorde para serem produzidos em série
Os Institutos Politécnicos de Viseu e de Leiria
desenvolveram, no espaço de uma semana, com apoio de uma rede, dois
protótipos de ventiladores para tentar dar resposta à escassez
destes equipamentos, face à pandemia da covid-19.
A informação é veiculada pela
Agência Lusa, onde o presidente do Instituto Politécnico de Viseu
(IPV), João Monney Paiva, explica que as duas instituições, com a
colaboração de uma rede de politécnicos de norte a sul do país e de
empresas, desenvolveram dois protótipos de ventiladores que poderão
depois ser fabricados em série, após um processo de
licenciamento.
A ideia surgiu há uma semana e uma
equipa de cerca de 15 a 20 pessoas dos dois politécnicos começou a
desenvolver dois protótipos de ventiladores de emergência - um
baseado na operação de um motor elétrico e outro a funcionar com
base em ar comprimido pneumático -, explicou.
Com base num modelo de acesso livre
disponibilizado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), a
equipa, que contou sempre com o acompanhamento de médicos, terminou
neste sábado, por volta das 23:00, os primeiros dois protótipos,
estando ainda a ser desenvolvido um terceiro sistema, referiu João
Monney Paiva.
"Pensámos no que seria possível
fazer para ajudar as pessoas. Esperemos que nada disto seja
necessário, mas, caso seja, que ajude a não passar por situações de
falta de recursos e de se ter que escolher em que doente se
aplicam", vincou o presidente do IPV.
Agora, a expetativa é que empresas
se mostrem interessadas em avançar com um processo de licenciamento
junto do Infarmed e a disponibilidade de fabricar os ventiladores
em série, referiu.
"Queremos sensibilizar o Infarmed
para que possibilite uma análise mais expedita e, se virem que este
equipamento é crítico, que façam uma avaliação mais rápida",
salientou o responsável.
Ao mesmo tempo, a equipa
disponibilizou um email (emergencyventilatorpt@gmail.com) para
empresas e instituições poderem ajudar no projeto, seja na melhoria
dos protótipos, seja no fornecimento de componentes e equipamentos
que serão necessários na sua produção em série, como por exemplo
células de oxigénio, disse.
Segundo João Monney Paiva, está já
montada uma rede de politécnicos de Beja, Bragança, Cávado e Ave,
Guarda, Lisboa, Tomar e Viana do Castelo, disponíveis a colaborar,
nomeadamente com máquinas usadas em contexto de aulas ou de
investigação para apoiar na produção dos ventiladores.
Além do processo de licenciamento,
o responsável acredita que o projeto poderá ter problemas com falta
de componentes, face à pandemia da covid-19, querendo também
sensibilizar o Ministério da Ciência para poder "fazer contactos e
estabelecer as cooperações possíveis para que isto avance".