Ccisp
Politécnicos criticam cortes
O
presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos
portugueses acusou o Governo de ter "adulterado" os orçamentos
destas instituições ao efetuar "desvios" de verbas que, somados a
outras reduções, correspondem a cortes quase quatro vezes
superiores aos inicialmente previstos.
Sobrinho Teixeira, considera que a
redução de oito por cento no orçamento do Ensino Superior, de que
se fala nos últimos dias, é um número inferior à verdadeira quebra
nas transferências do Estado e é "pior" que um corte porque resulta
de mexidas feita pelo Governo aos orçamentos que as instituições já
tinham elaborado e estão a executar, sem conhecimento das
mesmas.
O presidente do Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) garante
que o corte médio supera os 11 por cento, quase quatro vezes mais
dos cerca de 3,2 por cento com que começaram a preparar o atual ano
letivo, em junho, e que implica uma redução de 25 milhões de euros
para as instituições politécnicas.
O dirigente questiona a legalidade
das alterações nos orçamentas individuais considerando que toca com
a autonomia destas instituições, e admite que o caso possa ser
dirimido nos tribunais, embora tenha "ainda esperança de que a
Assembleia da República possa proceder a alterações ao Orçamento do
Estado.
Sobrinho Teixeira explicou que as
instituições prepararam, em junho, os respetivos orçamentos com
base no anunciado corte médio de 3,2 por cento.
"Foram-nos adulterados os
orçamentos para, através de uma redução de despesa que é impossível
de concretizar podermos transferir para o próprio Estado mais cinco
por cento do nosso orçamento, portanto não é uma redução do que
estava atribuído é uma obrigatoriedade de aumentar as transferência
para o Estado em função dos funcionários e docentes que cada
instituição tem", afirmou.
Estas alterações, adiantou, foram
realizadas "de um momento para o outro, pela Direção Geral do
Orçamento, sem aviso" e consistiram na redução dos valores que
tinham (os politécnicos) alocado a determinadas rubricas para
compensar o aumento de cinco por cento que o Governo determinou
para a Caixa Geral de Aposentações (CGA)".
Com estas mexidas, "aconteceram
coisas anacrónicas", afirmou o presidente do CCISP, apontando o
exemplo do Politécnico de Bragança, a que preside, que tinha
planeado 240 mil euros para aquecimento e foram reduzidos, de um
dia para o outro, para 40 mil".
"Posso tentar rezar para que o
inverno venha quente, mas não sei se isso será solução, não sei se
os alunos podem suportar um frio gélido como há aqui em Bragança",
ironizou, referindo ainda outro exemplo, do politécnico de Viseu,
em que "deixaram a rubrica da limpeza praticamente a zero, mas o
contrato com a empresa está assumido".
Globalmente, os politécnicos, viram
os seus orçamentos reduzidos em 3,2 por cento, com o corte de
junho, mais cinco por cento com as transferências para a CGA, e 3,5
por cento com a reposição do subsídio de Natal, com o Governo a
transferir, na generalidade dos casos, um valor inferior ao que as
instituições terão de pagar.
De acordo com as contas do
presidente do CCISP, tudo somado equivale a um corte global médio
superior a 11 por cento.
O problema agora, segundo disse,
não é político, mas técnico, porque mesmo que, "em teoria, mandasse
fechar os institutos, pouco mais poupava do que água, luz e
reagentes, porque a despesas estão todas assumidas, globalmente são
as despesas com pessoal e contratos com empresas como segurança e
limpeza, os contratos têm que ser cumpridos ou tem que haver uma
indemnização a essas empresas".