Orçamento de Estado
Coimbra espera bom senso
O reitor da Universidade de Coimbra (UC), João
Gabriel Silva, espera que "o bom senso prevaleça" e que os
anunciados cortes orçamentais nas universidades para o próximo ano
não se concretizem.
"Vamos intensificar todos os
esforços para explicar ao Governo" que o caminho que está a seguir
"é uma via insustentável para o ensino superior" e que os cortes
para 2013 deixarão "todas as universidades portuguesas abaixo da
linha de água", afirma João Gabriel Silva em declarações à agência
Lusa.
As universidades "já deram uma
contribuição desproporcionada para a consolidação orçamental do
país", sublinha o reitor da UC, sustentando que "isto não pode
continuar, isto tem de parar".
O Orçamento de Estado para 2013,
prevê "um corte adicional da ordem dos dez por cento" na dotação
para as universidades, que significa "uma redução global de cerca
de 40%" em três anos.
"É uma barbaridade", salienta o
reitor da UC, concluindo que "este Governo não quer
universidades".
Se "todos os setores da despesa
pública tivessem um corte de 30%, já tínhamos despedido a
'troika'", afirma o reitor, explicitando: "basicamente, quero dizer
que para o ensino superior acabou, chega de cortes, já demos uma
contribuição desproporcionada", basta de "confundir esforço,
empenho e boa gestão com gorduras".
O Governo, perante "a atitude
construtiva" e "o imenso esforço" das universidades para "manterem
tudo a funcionar e sem perdas relevantes", entende que se elas
"aguentaram os cortes anteriores, podem aguentar mais cortes", mas,
adverte João Gabriel Silva, nesta lógica, "o caminho que resta é o
da degradação".
Os cortes já efetuados não
prejudicaram de modo muito relevante o funcionamento da UC, mas "as
soluções encontradas são de curto prazo", pois "os investimentos
pararam" e "não houve substituição de pessoas" que saíram,
"essencialmente, para a aposentação", exemplifica.
Além da redução do corpo docente e
quadro de outros funcionários, sobretudo provocada por aquele tipo
de saídas, a UC também baixou a despesa com serviços, como os de
limpeza e vigilância, que vinham sendo prestados por empresas
contratadas para o efeito, e são, agora, desempenhados por
funcionários de outros setores da instituição.
"A boa gestão faz-se nos detalhes,
poupamos um bocadinho aqui, outro acolá, encontramos uma receita
adicional além", sintetiza João Gabriel Silva, salientando que a UC
"tem tido bastante sucesso na atração de estudantes
estrangeiros".
A UC, que em dezembro de 2011 era frequentada por cerca de 3.700
alunos estrangeiros, "é a universidade que, fora do Brasil, mais
estudantes brasileiros bolseiros possui - há perto de mil
bolseiros, pagos pelo governo do Brasil, a estudar em Coimbra", que
representam uma receita, em propinas, da ordem de um milhão de
euros, por ano.