Ensino Superior
Universidades e Politécnicos às avessas com o Ministério
O Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas (CRUP) anunciou, no passado dia 19 de
novembro, o corte de relações com o Governo na sequência das
negociações sobre as dotações do Orçamento do Estado do próximo ano
e a restruturação da rede de Ensino Superior.
Além de anunciar o corte de
relações com o Governo, o presidente do CRUP chegou a pedir a
demissão do cargo face à "generalizada falta de diálogo" e "quebra
de compromissos assumidos" por parte do Governo.
No mesmo dia, também o Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) veio a
público criticar a situação de dificuldade que afeta o ensino
superior, solidarizando-se com o Conselho de Reitores.
"O Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos compreende a tomada de posição
assumida pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas,
salientando que também sente as mesmas dificuldades, já que não é
ouvido nem envolvido nas decisões do Ministério da Educação e
Ciência sobre o Ensino Superior, limitando-se a emitir pareceres,
cujas propostas em geral não são acolhidas pela tutela", lê-se num
comunicado divulgado pelo CCISP.
A posição dos reitores foi tomada
em Braga. Os reitores consideraram ainda "inédita a falta de
comunicação e de explicações sobre o valor dos cortes orçamentais",
considerando que esta "representa uma sistemática violação da
autonomia universitária por parte do Governo".
O CRUP reuniu em Braga para falar
sobre o entendimento dos reitores em relação à versão final da
proposta de OE para 2014 e em relação à descativação das verbas
retidas pelo OE retificativo 2013.
"Estamos muito preocupados com a
execução orçamental de 2013 por causa das cativações e ainda mais
com a falta de explicação dos cortes contidos no OE de 2014", disse
António Rendas.
O CRUP anunciou ainda que vai
informar oficialmente a tutela da posição anunciada, assim como o
Presidente da Repúlica, a presidente da Assembçeia da Repúlica e o
primeiro-ministro.
"Estamos a querer defender o futuro
de Portugal e da ciência no nosso país", acrescentou.
A proposta de lei do Orçamento do
Estado para 2014 prevê cortes de 7,6% nas transferências do Estado
para universidades e politécnicos.
As universidades contestam no
diploma a norma que impede as instituições de fazerem novas
contratações, a menos que apresentem uma redução da massa salarial
de pelo menos 3%, excluindo os cortes nos vencimentos entre 2,5% e
12%, propostos no Orçamento, para ordenados a partir dos 600 euros
brutos.
Por sua vez, o Governo assegurou
nesse mesmo dai "disponibilidade para ajudar" a garantir "o bom
funcionamento" das universidades em 2014, apesar de reconhecer que
teve de tomar medidas orçamentais adicionais que afetam as
instituições do Ensino Superior.
Em comunicado, o Ministério da
Educação e Ciência refere que "manteve um longo diálogo com o
CRUP", durante a preparação do Orçamento do Estado para o próximo
ano, salvaguardando, contudo, que "não foram nem poderiam ser
assumidos quais compromissos, uma vez que a proposta final é
elaborada em Conselho de Ministros e submetida à Assembleia da
República".
A tutela assume que, "no processo
de fecho da proposta", o Governo se "viu obrigado a tomar medidas
adicionais transversais a toda a função pública, não podendo as
universidades ficar isentas desse processo".
O Ministério ressalva, porém, que
"o impacto dessas medidas em cada área e instituição será modulado"
durante a execução orçamental de 2014, "tendo em conta as
necessidades reais e os incentivos à boa execução", pelo que "fica
assim garantida a disponibilidade do Governo para ajudar a
assegurar o bom funcionamento das universidades".