Lusofonia

Macau
Lusofonia e o ensino da língua portuguesa

ipmacau.jpgA antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima defendeu este mês em Macau que os países lusófonos devem cooperar no ensino da língua portuguesa no estrangeiro, ao invés de competirem.

A ex-governante apresentou no Instituto Politécnico de Macau a palestra "As culturas da lusofonia no mundo contemporâneo", onde defendeu que "havendo vontade política, há muitas medidas que podem ser extremamente produtivas" para a promoção da lusofonia.

Além da criação de "conteúdos em português na Internet" através de meios partilhados pelos diferentes países, Isabel Pires de Lima defendeu que o ensino do português no estrangeiro seja feito de forma coordenada de modo a poupar esforços e recursos.

"É preciso congregar políticas no sentido em que, nos locais onde se ensina português no estrangeiro, como os leitorados, não esteja o Brasil a puxar para um lado, Portugal a puxar para outro, e em breve, provavelmente, Angola a puxar para outro", alertou, exemplificando que "quando está presente o Brasil não precisa de estar presente Portugal nem precisa de estar presente Angola".

"Podem conjugar-se no sentido de cobrir espaços diferentes e terem mais capacidade de intervenção. Se houver congregação de esforços é muito mais eficaz", concluiu.

No âmbito da promoção da língua, Isabel Pires de Lima considera que Macau tem "um lugar angular neste momento", já que "é uma praça-forte e uma plataforma de lançamento num continente que é o mais populoso de todos e num país que é o mais populoso do mundo".

"A ação que o Centro Pedagógico e Cientifico da Língua Portuguesa [promotor da palestra] está a desenvolver, de formar professores e os colocar a ensinar português pela China fora, é uma ação extraordinariamente potenciadora para o português", elogiou.

Macau é, no entanto, uma exceção, acredita, já que na maioria dos países lusófonos a vontade política para a promoção da lusofonia é "debilzinha", diz.

Os motivos são vários e de natureza diferente. "Algumas reticências que os países africanos de língua portuguesa colocam decorrem do facto de serem países que saíram há pouco tempo da era colonial, há ressentimentos coloniais que demoram tempo a ser ultrapassados", explicou. Já o Brasil, "tem uma dimensão continental que lhe dá a ilusão de que talvez possa atuar sozinho", lamentou.

 
 
 
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