David Antunes
«Não sou contra a pirataria»
Foi o programa televisivo "5 para a Meia Noite" que
deu o impulso que faltava à carreira do cantor, compositor e
pianista David Antunes. É em 2014 que conquista os ouvidos do
grande público com as primeiras canções. O álbum de estreia está
para breve.
Há algum
segredo para o sucesso?
Todas as músicas precisam de um
grande marketing por detrás. De rodar nas rádios, na Internet. Ser
um sucesso pode não acontecer de imediato. A nossa ideia é gravar
as canções e depois perceber se as pessoas gostam.
Como são os
vossos espetáculos?
Costumamos tocar alguns originais
num espetáculo que é composto por 80% de covers. A ideia é pôr as
pessoas a cantar. Não quero despejar originais para depois as
pessoas não se divertirem. A minha posição na música não é essa - é
dar alegria às pessoas, e isso consegue-se cantando coisas
conhecidas. E, no meio do alinhamento, vamos colocando alguns temas
nossos. Daqui a 20 anos o concerto será feito só à base de
originais. A ideia é, nessa altura, toda a gente conhecer e cantar
connosco o nosso reportório.
A
sonoridade dos temas originais são influenciados pela sua vida?
Em termos de letra são inspirados
por experiências de vida. Coisas que me acontecem. O "Não Vai
Acontecer" é uma história de vida. Estás tanto tempo atrás de uma
pessoa até que percebes que não vai dar. O "Não Te Quero Mais" é
baseado numa briga que tive com a minha mulher. A letra é aquilo
que eu lhe disse e a resposta dela. Apenas limei os versos para
rimarem e terem métrica musical. O "És o Meu Final Feliz" é uma
música escrita no mundo da Vanessa Silva, que tem um mundo muito
dela, de princesas e da Disney, por isso participa nessa canção. A
"Hoje Não Estou P'ra Ninguém" evoca aqueles dias em que não nos
apetece falar com ninguém.
Dois dos
singles editados têm a colaboração da Vanessa Silva na voz. Como
aconteceu essa parceria?
Somos amigos há alguns anos. E no
ano passado quando comecei a querer escrever e divulgar canções
originais quis juntar o útil ao agradável.
O primeiro
single foi muito difundido.
Talvez por ter sido o primeiro.
Andamos a tocar há muitos anos e acabamos por fazer muitos amigos
nas terras por onde passamos e entre a malta do meio musical e
televisivo. Talvez por isso, tivemos muitas presenças na televisão
durante 15 dias. O tema chegou às pessoas, mesmo que não associem a
quem canta. Essa canção foi bem divulgada. Agora estamos a
trabalhar nas outras.
A Midnight
Band é banda residente todas as quintas-feiras no programa "5 para
a Meia Noite", na RTP. Foi a plataforma ideal para divulgar as
vossas músicas?
Sim, essa é a nossa casa. Começámos
uma carreira a sério no "5 para Meia Noite". É lá que estreio
sempre as novas músicas.
Terá também
ajudado a preencher a agenda de concertos.
Não percebo como é que a malta
ainda não se fartou de nós. Nos últimos dois anos temos andado a
correr Portugal, de norte a sul. De festa em festa. Acho que o
segredo é a alegria transmitida por cada um dos músicos que estão
em palco. O público percebe que estamos ali para nos divertir e que
quando nós nos divertimos também eles se divertem.
A Midnight
Band tem laços familiares.
Sim, e isso é bom, porque significa
que vai durar largos anos, se não eternamente. A base da banda
somos três irmãos. Somos uma família muito unida. Nunca
brigamos.
Já foram editados vários singles. No
horizonte está o álbum de estreia?
É o primeiro vai chamar-se "O
Último". Porque não acredito que o mercado da música esteja para aí
virado. Hoje em dia o importante é ter singles e um videoclip
engraçado para chamar a malta. Por isso, não tenho qualquer pressa
em fazer um álbum físico. A minha preocupação é escrever músicas e
tentar dar um bom espetáculo ao vivo para amanhã termos trabalho.
Quanto ao álbum terei de dar um CD à minha avó e, olha, quando for
velhinho poderei dizer que cheguei a editar um CD.
O advento
da era digital na música está associado à pirataria. As coisas
estão bastante diferentes no mercado?
Não sou nada contra a pirataria na
música. Sempre houve, já com a cassete acontecia. No meio digital é
simplesmente mais fácil. As pessoas que se queixam que a internet
rouba música, são as primeiras a meter música no YouTube. Existem
mil programas para sacar música daí. Agora, há formas é de ganhar
dinheiro com o YouTube. Fazes um bom videoclip e o YouTube
paga-te.
Para além
da edição do disco e da estrada há mais objetivos para
concretizar?
O meu objetivo com a música é que
as minhas filhas, um dia no carro, já na meia-idade, ouçam uma
música na rádio e digam: aquilo era o meu pai. Até lá vamos fazendo
o nosso percurso.
Hoje há
mais tendência para cantar em português?
Sim, e ainda bem. Temos de ser
defensores da nossa língua e do nosso país como os outros são.
Estamos num ponto de viragem. Antes o que vinha de fora é que era
bom. Começamos a perceber que não somos apenas bons no
futebol.
Hugo Rafael com Tiago Carvalho
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