Ex-Presidente da República
Sampaio critica desertificação
As palavras não poderiam ser mais
claras. Jorge Sampaio, que entre 1996 e 2006 exerceu as funções de
Presidente da República Portuguesa, considera que "não há
portugueses dispensáveis". O antigo Chefe de Estado falava, em
Castelo Branco, durante a sessão solene do
35ª aniversário do Instituto
Politécnico albicastrense, no passado dia 4 de novembro. "Há que
pensar em soluções que estanquem esta fuga de cérebros",
disse.
Jorge Sampaio considera que o país
"não pode investir na qualificação dos portugueses e assistir à sua
emigração". De uma forma contundente e objetiva, o antigo Chefe de
Estado considera que a questão do êxodo dos diplomados portugueses
é um desafio que se coloca ao pais.
Com o ensino superior na agenda,
Jorge Sampaio falou na necessidade de se cumprir a meta de no ano
2020, 40 por cento da população portuguesa ter uma qualificação
superior. "Estamos a cinco anos e o que verificamos é que a
percentagem atual é de pouco mais de 20 por cento", disse.
No entender do ex-Presidente da
República, "a crise económica, o aumento da taxa de desemprego de
jovens com ensino superior, fazem com que os jovens não vejam como
garante a empregabilidade". Coloca-se, por isso, mais um desafio,
"como encarar o ensino superior com a empregabilidade?", questiona.
Algo que poderá também ter resposta na revalorização do papel do
ensino superior, numa altura em que há um desinvestimento das
famílias nesta área. Jorge Sampaio diz que "mudar perceções e
representações sociais é um processo lento".
O ex-Presidente da República foi
claro quanto à importância da educação no país. "Portugal não tem
estudantes a mais, nem tem diplomados a mais, pelo contrário",
referiu, acrescentando que "não há tarefa mais importante que a
educação".
Na sua intervenção, que teve como
tema "Uma agenda de mudança: desafios e oportunidades", Jorge
Sampaio criticou a desertificação do interior do país, acusando o
Estado de promover essa desertificação "ao fechar escolas e
serviços. Fazia bem aos responsáveis fazerem viagens contínuas ao
interior do país".
Aquela questão foi aproveitada pelo
antigo Chefe de Estado para destacar o "papel dos politécnicos no
desenvolvimento do interior do país". Jorge Sampaio deixaria ainda
o "convite de se introduzir a «futuralidade» na forma como se
aborda o Instituto Politécnico de Castelo Branco, na forma como se
aborda a questão europeia", porque como reforçou, "no futuro do
século XXI cabe o mundo inteiro".