Novas revelações sobre o hidrogénio
Coimbra inova na Física
Uma
equipa de físicos da Universidade de Coimbra (UC), de Berlim,
Inglaterra e do Texas, demonstrou que os muões podem ser usados
para obter informações particulares sobre o hidrogénio, impossíveis
de conseguir por outros métodos. O estudo, financiado pela Fundação
para a Ciência e Tecnologia (FCT) e por fundos europeus, e
distinguido pelos editores da revista científica Physical Review B,
permitiu uma "rara demonstração experimental de que a configuração
química do muão e a do hidrogénio nos materiais é a mesma, o que
possibilita um avanço substancial na compreensão do papel do
hidrogénio", afirma Rui Vilão, coordenador da equipa lusa.
Em linguagem simples, "podemos dizer
que o muão funciona como um sósia ou como o duplo de um filme. Mas
enquanto no cinema o duplo substitui o ator principal, o muão não
cumpre essa missão. Serve unicamente para estudar as
características "secretas" do protagonista do filme".
Além de afirmar esta nova técnica
junto da comunidade científica, os resultados obtidos nas
experiências realizadas no feixe de iões inglês assumem particular
relevância para "a física de semicondutores. Este tipo de materiais
constitui a base de imensas aplicações de grande importância
(díodos, transístores, LEDs, células solares ou lasers, entre
muitos outros), e caracteriza-se pela extraordinária sensibilidade
das propriedades à presença de impurezas", sublinha Rui Vilão.
Ora, o "hidrogénio conta-se entre
as impurezas mais comuns e por isso entre as de maior relevância (o
prémio Nobel da Física de 2014 destacou trabalhos nesta área). A
espectroscopia do muão positivo (de que a equipa de Coimbra é
pioneira em Portugal) permite obter informação microscópica
detalhada sobre o hidrogénio, de outra forma inacessível",
conclui.