Exposição: Metalúrgica em imagens
A exposição "Metalúrgica", que apresenta um conjunto
significativo de fotografias da antiga fábrica albicastrense, da
autoria de António Duarte Costa, leva-nos para meados do século
passado (a fundição trabalhou entre os anos 30 e 90). Mas acima de
tudo mostra-nos e conta-nos as histórias daquela antiga indústria
albicastrense, dos seus colaboradores, da produção, da envolvência
da cidade.
As peças ali produzidas, os teares, as betoneiras, os
arados ou os motores de rega, mostram quanto diversa era a produção
da Metalúrgica. E ali estão elas, em fotografia, acompanhadas de
processos de fabrico, dos fornos e do ferro fundido, dos
laboratórios, das instalações. Ali estão também os funcionários e
os aprendizes da arte (crianças ainda), mas também quem mandava.
Surgem ainda as festas de Natal e o olhar das crianças, que mesmo
com uma prenda na mão, não mostravam o brilhozinho nos olhos
próprio das alturas festivas, talvez porque nessa época o sorriso
não era coisa para todos.
A mostra, organizada por Carlos Semedo e Carlos Matos,
está patente no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo
Branco e pode ser vista até 4 de fevereiro. A inauguração decorreu
no passado sábado, numa cerimónia em que o vice-presidente da
Câmara, José Augusto Alves, destacou a importância da exposição, a
qual apresenta imagens que retratam a antiga fábrica da
Metalúrgica, situada num espaço que hoje está a ser requalificado
pela autarquia albicastrense.
As imagens são do acervo de António Duarte Costa, antigo
correspondente da RTP no Distrito de Castelo Branco, escriturário
de profissão, falecido em 1976, com apenas 44 anos.
Aquilo que à partida nos poderia conduzir para simples
imagens da Metalúrgica depressa nos transporta para um conjunto de
histórias, porque cada imagem fala por si. O enquadramento, a
luminosidade e a técnica exibidas em cada uma das fotografias faz
recordar as fotos de grandes nomes internacionais da arte da
imagem.
A seleção das fotografias pertence a José Costa, filho de
António Duarte Costa, e a Carlos Matos, que entre centenas de
fotografias e negativos, que, como referiram na apresentação,
tiveram uma grande dificuldade em escolher as que compõem esta
mostra, dada a sua excelente qualidade. Carlos Semedo, assessor da
autarquia para a área cultural, também sublinhou a dimensão da
exposição, a qual inclui ainda um vídeo disponibilizado por um
antigo funcionário da Metalúrgica, José Manuel Mendes (a qual
mostra a fábrica em laboração em 1990), e algumas peças artísticas
produzidas pelos antigos colaboradores e disponibilizadas por João
Ramalhinho e João Barata.
O acervo fotográfico de António Duarte Costa, um homem que
também foi fotojornalista num período difícil em que imperava a lei
do Estado Novo, poderá ainda vir a dar origem a outras exposições,
pois é diversificado e procura mostrar a contemporaneidade do seu
tempo.