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Satélite português está a ser testado em Castelo Branco

satelite_f5_f5.jpgO laboratório aeroespacial do grupo ISQ em Castelo Branco vai testar, a partir deste mês, o primeiro satélite português que está a ser desenvolvido através de um consórcio de diferentes entidades. O anúncio foi feito pelo presidente do ISQ, Pedro Matias. O projeto de construção deste satélite revela, no seu entender, a capacidade do nosso país, em envolver nove empresas portuguesas da área do espaço (casos da Tekever, Active Space Technologies, Omnidea, Active Aerogels, GMV, HPS, Spin Works), 150 investigadores, laboratórios de investigação e universidades (como por exemplo o ISQ, CEIIA, FEUP, FCT-UNL, INL, IPN, IPTomar, ISR Lisboa, IT Aveiro e UBI).
Nesta fase, o laboratório de Castelo Branco vai efetuar os ensaios da câmara multiespectral do Satélite Infante, "através da qual se irão captar imagens da terra e dos oceanos", revela o ISQ.
O Infante é, segundo aquele grupo, "o primeiro satélite integralmente concebido e construído em Portugal para observação da Terra, com especial foco nas aplicações marítimas, prevendo-se que esteja em órbita a partir de 2020". Além do laboratório do ISQ em Castelo Branco, neste projeto está também envolvida a Universidade da Beira Interior.
Este satélite terá três funções de observação da Terra associadas, a saber: vigilância marítima, com a identificação de navios no Atlântico e reporte de alertas; monitorização ambiental, monitorizando os fenómenos ambientais de evolução lenta (como derrames de óleo ou proliferação de algas); deteção e monitorização de eventos extremos, através da deteção e monitorização de fenómenos de rápida evolução (por exemplo, incêndios, inundações, eventos meteorológicos extremos ou outros).
Pedro Matias, presidente do ISQ, em nota enviada ao nosso jornal, explica que "a construção deste microssatélite vem demonstrar a capacidade e a maturidade da indústria nacional de desenhar, construir, integrar, testar e operar um demonstrador de um microssatélite em órbita baixa".
Aquele responsável esclarece que "o ISQ tem a seu cargo a garantia de qualidade transversal a todo o projeto bem como a atividade de planeamento e testes de desenvolvimento de tecnologia de sistemas".
Mas afinal o que está a ser ensaiado nos laboratórios aeroespaciais de Castelo Branco? O ISQ explica que se trata da "câmara multiespectral do Satélite Infante. Trata-se de um instrumento ótico miniaturizado que permite captar imagens da Terra e dos oceanos no espectro visível e com muito alta resolução".
O ISQ adianta que "a câmara distingue-se de outros instrumentos semelhantes pela capacidade de adquirir, processar e comprimir imagens em tempo-real a bordo, de forma a minimizar o volume de dados enviado para o chão".
Aquele grupo revela que "o hardware de processamento usado para este fim é idêntico ao utilizado em projetos anteriores com a Agência Espacial Europeia (ESA), no contexto do desenvolvimento de tecnologias aplicáveis a missões de aterragem planetária (lua, marte e pequenos corpos)".
pedro_matias.jpgPedro Matias recorda que "os testes a realizar no ISQ se enquadram num plano de verificação e refinamento dos modelos estruturais usados no projeto, com vista à construção dos modelos de qualificação e voo com recurso a materiais termicamente muito estáveis (um requisito fundamental para garantir o normal funcionamento deste instrumento no espaço)".
Neste processo, o "Plano de Verificação inclui ainda os testes de integração que vão confirmar o funcionamento de todos os subsistemas após a sua montagem na plataforma do satélite. Esta atividade iniciar-se-á no final deste ano, estando a qualificação da câmara multiespectral do Infante para a sua operação no espaço prevista para o primeiro semestre de 2020, após uma bateria adicional de testes que terá lugar nas instalações do ISQ", adianta o grupo.

Como é o satélite

O satélite Infante tem o formato de um pequeno paralelepípedo. De acordo com o ISQ "será o primeiro de uma futura constelação de 12 satélites idênticos a ser construídos e lançados após 2020. Será a primeira rede de satélites portuguesa para fazer monitorização dos oceanos e da Terra".
Os ensaios que este mês começam a ser feitos no ISQ serão da responsabilidade do laboratório albicastrense, mas o projeto da câmara "multiespectral está a cargo da empresa aeroespacial portuguesa Spin.Works. Uma empresa que foi responsável pelo desenho e desenvolvimento de todos os componentes óticos, estruturais, de eletrónica e de software. Neste contexto, foi já concluída a fase de integração e de testes de uma primeira versão do instrumento (denominada modelo de engenharia - EM), que inclui praticamente todo o hardware e software finais - com a excepção da estrutura principal da câmara. Estima-se que o TRL (Technology Readiness Level) deste instrumento esteja atualmente no nível 6", esclarece o ISQ.

 
 
 
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