Ana Costa Freitas, Reitora da U.Évora quer
Uma universidade 5.0
A reitora da Universidade de Évora, Ana
Costa Freitas, defendeu a criação de uma universidade 5.0. A
mensagem foi deixada no dia 1 de novembro, durante a sessão solene
que marcou o início do ano académico daquela que é uma das mais
antigas academias do país. No entender da reitora, "temos de nos
antecipar e entrar no mundo 5.0, rapidamente".
Na sua perspetiva, a universidade 5.0 deverá apostar "nos valores
humanos", que saiba "valorizar, ouvir, aprender e entender os
outros, e nunca esquecer que são os nossos valores, o nosso
julgamento, a nossa empatia, a nossa escuta e o nosso entendimento
que nos tornam humanos".
No Colégio do Espírito Santo, Ana Costa Freitas, apresentou uma
perspetiva histórica do conceito de Universidade, desde as
primeiras Universidades Studium Generale que surgiram na Europa no
início do seculo XIII até ao processo de Bolonha em 1999,
concluindo que as Universidades "não podem parar", pois "precisam
ter uma mudança revolucionária contínua, se querem continuar a ser
relevantes".
A reitora da UÉ realçou, ainda, que a Universidade de Évora "tem
construído com enorme êxito redes internacionais e nacionais, de
ensino, de investigação e de estratégia", dando como exemplo as
três Infraestruturas Europeias de Investigação, em Ciências do
Património, Ecossistemas e Física da Atmosfera, aprovadas no âmbito
do Programa Europeu Horizonte 2020 com um financiamento global na
ordem dos 14 milhões de Euros, distribuído por 87 instituições
parceiras, onde a Universidade de Évora é a única instituição
portuguesa parceira.
A cerimónia contou ainda com as intervenções de Ana Rita Silva,
presidente da Associação Académica da UÉ, e de Manuel Catita,
Secretário da Escola de Artes em representação do pessoal não
docente.
A representante dos estudantes recordou os 460 anos da
fundação da Universidade, um "momento especial" no qual os
estudantes "juntam as suas famílias e amigos enchendo os claustros
de uma alegria muito própria, que não caberia em qualquer outro
cenário". Destacou, ainda, o papel fundamental da UÉ, porque "uma
população mais instruída tem, em média, autonomia cultural e
comportamentos sociais com valor para os próprios e para a
coletividade, e é nesta instrução nos estudantes de hoje,
profissionais de amanhã, que devemos continuar a apostar
permanentemente".
Já Manuel Catita destacou a importância desta classe profissional
no quotidiano e funcionamento da Instituição, atuando em diversas
tarefas e funções, e cuja utilidade "é fundamental", estando estes
sempre empenhados numa atualização permanente de conhecimentos
dentro das suas especificidades e complexidade das tarefas a
realizar.
A lição inaugural foi proferida por Fátima Nunes, professora de
História da UÉ. «Historiador(a): um ofício em perpétuo movimento…»,
foi o título escolhido porque "de um historiador espera-se que
esteja em perpétuo labor, o que implica gerir geometrias de escalas
de território em análise - global, internacional, nacional,
regional, local". Na sua intervenção fez recordar a memória dos
espaços e das inúmeras personalidades determinantes no avançar, não
apenas da Academia, mas de um mundo em "perpétuo movimento", desde
Rómulo de Carvalho, Ário de Azevedo, Santos Júnior, Manuel Viegas
Guerreiro, Inácio Rebelo de Andrade, Miguel Torga entre muitos
outros que não foram esquecidos, porque, tal como recordou, o
"ofício de historiador(a) implica ler em diferentes ritmos, alguns
alucinantes, outros pausados, lentos porque necessários para fazer
perpetuar a mensagem epistemológica de fazer história (…), deixando
claro o envolvimento da História com as Ciências Sociais e, também,
com outras áreas científicas".
O encerramento da sessão esteve a cargo de Carlos Mota Soares,
presidente do Conselho Geral da Universidade de Évora, sublinhando
aqui o resultado da Academia expresso nos vários rankings
internacionais e que traduz o trabalho desenvolvido pela UÉ.