IPCB faz 31 anos
Politécnico abraça sociedade
A assinalar 31 anos
de vida, o Instituto Politécnico de Castelo Branco continua a
assumir-se como uma das principais instituições de ensino superior
do interior do país. Carlos Maia, presidente da instituição, traça,
ao Ensino Magazine o caminho que o IPCB deve percorrer. Com uma
avaliação internacional positiva, o Politécnico de Castelo Branco
encara o futuro com os olhos postos na qualidade.
Nesta entrevista, Carlos Maia crítica os cortes cegos que
poderão ser aplicados na educação e refere que a haver o
encerramento de instituições de ensino, isso deve acontecer no
litoral e nos grandes centros.
O
Instituto Politécnico de Castelo Branco foi o mais procurado do
interior do País. Mas a ambição do IPCB não se resume a esses
números...
O IPCB foi o mais procurado
do interior do país e esse é um objectivo que nós perseguimos, já
que é difícil competir com as instituições do litoral neste
matéria, onde as condições não são as mesmas. Mas, e é bom frisar,
que não temos nenhum receio de competir com essas instituições em
termos de qualidade. Este ano houve uma quebra no
número de candidatos ao ensino superior. Desde de 2008 até hoje
registou-se uma diminuição de 12% nos candidatos ao ensino
superior. Mesmo verificando-se estas condições, nós conseguimos ser
o politécnico do interior do país mais procurado. Mas isso por si
só não nos satisfaz, apesar de termos 90 por cento das vagas
preenchidas, através dos diferentes concursos de colocação de
alunos. O Governo anterior solicitou-nos um esforço adicional no
sentido de qualificarmos os cidadãos. Por isso, as admissões ao
ensino superior não podem ser apenas contabilizadas pelo concurso
nacional, pois há outras formas de entrada como os maiores de 23,
reingressos, transferências ou mudanças de curso, por
exemplo.
Para a terceira fase quais são as
expectativas?
Neste momento decorre a
terceira fase, pelo que é possível que ultrapassemos o número de
vagas que disponibilizámos. O nosso trabalho deve ser contínuo, no
sentido de chegar a públicos diversificados. Temos que ser
proactivos, ir às escolas secundárias e demonstrar à sociedade a
capacidade instalada do IPCB. Aquilo que verificamos é que ainda há
um desconhecimento do ensino superior politécnico e, nomeadamente,
do próprio IPCB. Fico apreensivo por algumas escolas secundárias da
cidade não aderirem às iniciativas do Politécnico. Por isso vamos
tentar perceber o porquê disso acontecer junto das direcções desses
estabelecimentos e dos pais dos alunos - os quais têm uma grande
influência na capacidade da decisão que os filhos têm que tomar
quando vão entrar no ensino superior.
Ao
nível da oferta formativa está prevista alguma intervenção por
parte do IPCB?
Está. Vamos fazê-lo de forma
planeada, envolvendo a sociedade e as empresas. Por exemplo, ao
nível das pós-graduações e mestrados é importante que nós
consigamos preparar esses cursos tendo em conta as necessidades das
entidades empregadoras. Por isso, iremos fazer um levantamento das
necessidades existentes na região e tentar envolver as empresas na
elaboração dos planos, de forma a que consigamos responder de forma
eficaz. No caso das licenciaturas isso também deve ser feito, de
forma a apresentarmos as propostas à Agência de Avaliação e
Acreditação dentro dos prazos.
Recentemente o IPCB foi avaliado pela European University
Association (EUA). Quais os resultados?
Estamos a preparar um
documento para o divulgar publicamente à sociedade, tal como já o
fizemos com o relatório e contas. A avaliação foi bastante
positiva. Diversos sectores foram avaliados. Foi enfatizado o facto
do IPCB ter um plano estratégico com princípios, indicadores e
objectivos, e das unidades orgânicas estarem perfeitamente
identificadas com esses princípios e orientações. Foi sublinhado o
apoio que o IPCB dá aos seus docentes para melhorarem as suas
qualificações. A aproximação da instituição ao mercado de trabalho
e às empresas é outro aspecto que a EUA avalia
positivamente.
Estes resultados vêm ao encontro dos objectivos do seu
mandato?
O nosso plano estratégico
assenta em cinco eixos fundamentais. Um dos objectivos passa por
aumentar a coesão institucional de todo o politécnico. Se isso
acontecer (e já se começa a notar) seremos mais fortes. A marca que
importa projectar é o Instituto Politécnico de Castelo Branco,
embora as actividades desenvolvidas sejam feitas, na sua grande
maioria, pelas unidades orgânicas.
Está a meio do seu mandato, qual o balanço que faz do seu
trabalho?
Não me cabe a mim fazer isso.
Está a ser feito um trabalho valioso de reorganização da
instituição, numa altura em que a situação é difícil e, por vezes,
adversa. Temos vindo a sentir cortes orçamentais - em 2012 teremos
cortes de um milhão e 500 mil euros no nosso orçamento - , pelo que
é necessário mudar alguns procedimentos. Tem que haver uma
consciencialização de todos agentes do politécnico que há
comportamentos que não é possível manter. Brevemente iremos
anunciar um conjunto de medidas para fazer face a esses cortes. Já
este ano, encerrámos as escolas durante duas semanas em Agosto (um
período que poderá ser superior em 2012). Com esta medida poupámos
cerca de 30 mil euros e tivemos a compreensão das
pessoas.
Mas
essa medida por si só não chega...
Essa medida não chega, pelo
que iremos avançar com outras. Queremos prestar mais serviços à
comunidade, gerando com isso mais receitas próprias. Mas há uma
situação que importa explicar: além das cativações que vão ser
feitas à instituição, vão também cativar parte das nossas receitas
próprias. Ou seja surge aqui uma espécie de imposto encapotado,
onde as instituições de ensino superior são intermediárias entre as
empresas e o estado. O mesmo acontece com as propinas. Estamos a
tentar ultrapassar essa situação com o governo. Um dos
nossos propósitos é aumentar o número de doutorados para que em
2014 tenhamos 60% do corpo docente com esse grau. Este facto poderá
dificultar a prestação de serviço à comunidade. Mas já encontrámos,
com esses professores, uma forma para que esses docentes em
doutoramento possam também eles contribuir para aumentar a nossa
prestação de serviços à comunidade.