Universidade da Beira Interior
Saúde do povo em análise
"Nos
últimos anos, os cuidados de saúde prestados às populações da Beira
Interior têm vindo a aumentar significativamente". A garantia é de
Miguel Castelo Branco, presidente da Faculdade de Ciências da Saúde
da Universidade da Beira Interior, e foi dada numa sessão que
reuniu, na Covilhã, os responsáveis pelos hospitais e unidades
locais de saúde da região.
Tratou-se de uma reunião que serviu
essencialmente para debater o estado dos cuidados prestados às
populações, mas também apontar algumas das razões pela falta de
atratividade das unidades de saúde a novos médicos e a importância
da presença da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) na região. Um
aspeto que acaba por ter apoio na presença da faculdade que
representa a formação de novos recursos humanos, mas também, um
fomento da investigação nas mais variadas áreas da saúde. Presença
que representa ainda um local onde os clínicos podem desenvolver
novas capacidades e também continuar um processo de formação ao
longo da vida.
O presidente da FCS lembra também
que "todos os nossos hospitais parceiros têm cumprido as suas
funções, com bastante esforço, sabemos, sobretudo devido ao facto
de ser muito difícil atrair, para aqui, recursos humanos desta
natureza". As instituições de saúde acolhem os médicos formados na
Covilhã para o seu ano geral, mas logo após a formação e a passagem
para a especialidade, são muitos os que acabam por sair da região.
Miguel Castelo Branco lembra que apenas com uma discussão conjunta
dos factos se podem encontrar soluções.
Manuel Geraldes, diretor do
Agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira, considera que são
muito poucos os incentivos à fixação de médicos nesta zona do País,
no final da sua formação. Nesse sentido, defende "uma aposta na
formação de especialidades e na medicina geral onde são visíveis
muitas dificuldades em fixar e atrair recursos para os cuidados de
saúde primários". Nos últimos anos, a maior força contrária a esta
saída tem sido "a faculdade de ciências da saúde, que serve de
excelente exemplo do que se pode aqui fazer e acaba por ser um
fator determinante para o que almejamos, para a vinda de
médicos".
A partilhar também da mesma visão
esteve Luís Correia, responsável pela Unidade Local de Saúde de
Castelo Branco. Correia exemplificou o quadro regional da saúde com
o número de vagas abertas e as respostas às mesmas. "Para o ano
comum abrimos 25 vagas e apareceram dois alunos", mas
posteriormente existem decisões "fora da nossa realidade como é o
caso de termos solicitado dez vagas para internos em cuidados de
saúde primários e nos ter sido atribuída uma vaga". Fernando Girão,
da Unidade Local da Guarda pega nos números avançados pelo colega
de Castelo Branco e reivindica decisões políticas "que atribuam
alguma diferenciação aos alunos formados na Faculdade de Ciências
da Saúde". Um pedido que também está fundamentado no aspeto da
formação. Girão lembra que "temos a universidade e andamos a formar
alunos que gostam muito de aqui estar, mas depois não têm hipótese
de ficar".
João Casteleiro, responsável pelo
Centro Hospitalar da Cova da Beira, considera que "as condições da
região não ficam nada a dever ao litoral e por isso não tem de
haver uma posição de subserviência. Nós temos de mostrar a nossa
posição e essa passa por verificar que não ficamos a dever nada a
um hospital do litoral, e temos de mostrar essencialmente o que
valemos, não temos de estar aqui a implorar ou pedir o que quer que
seja", sublinha.