Secretário de Estado na Covilhã
UBI: Qualidade é o futuro
Com menos verbas da tutela, o
futuro das universidades passa pelas receitas próprias. A
Universidade da Beira Interior, tal como as restantes instituições
nacionais, viu o seu orçamento reduzido em 8,5 pontos percentuais.
João Queiroz, reitor da academia diz que o futuro passa pela
continuação da política de qualidade implementada na
instituição.
Para o secretário de Estado do
Ensino Superior, João Queiró, presente na sessão solene de abertura
do ano letivo, "as circunstâncias são muito adversas, são as
circunstâncias do País e o ensino superior não escapou às opções
orçamentais de todo o conjunto". Ainda assim, "espero que algumas
especificidades se possam acautelar. Estas questões são
reivindicadas, de forma permanente pelo Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas e compreendo, mas repito que temos todos
de entender a situação do País".
Na abertura solene do novo ano
letivo, o responsável máximo pela UBI aproveitou para desenhar as
linhas fundamentais da atuação da academia.
Continuar todo o processo de qualidade no universo
de ações que se desenvolve na instituição e coordenar essas
atitudes com a investigação parece ser a fórmula para superar os
condicionalismos que marcam a atualidade nacional. A política de
melhoria de atuação e de reforço da qualidade em tudo o que é feito
"está a ter os seus resultados".
No que diz respeito ao ensino,
dentro em breve a reitoria vai difundir os resultados das consultas
feitas à comunidade académica e também abrir o debate em torno "de
um dos mais importantes documentos dos últimos anos". Queiroz
pretende uma consulta alargada sobre o "Plano 2020, um documento
que orientará a academia nos próximos anos" e que por isso mesmo
deverá ter a participação de todos.
Aprofundar o Processo de Bolonha,
reformular alguns ciclos de estudo e alinhar a atuação das práticas
académicas com as conclusões dos vários estudos e inquéritos que
mais alguns passos para o alcance das metas traçadas. "A qualidade
tem de ser abordada do ponto de vista estratégico, com uma
autoavaliação a ser também promovida por uma liderança nesse
sentido", refere Queiroz. Parceiros e comunidade reconhecem hoje a
academia como uma instituição "de confiança e de mérito". Para que
tal continue, ensino e investigação são duas fundamentais. Setores
que "devem contar com a participação de todos".
O período é de forte contenção
orçamental, imposta pela tutela, contudo, o reitor da academia
mostra-se otimista no futuro. Queiroz explica que "temos uma
equação com três variáveis que são as remunerações permanentes, os
projetos de investimento que temos de comparticipar e o restante
funcionamento. Tudo isto significa que vamos ter de reduzir no
funcionamento. Temos vindo a adotar medidas de contenção
orçamental, diminuindo cerca de 15 por cento das comunicações, nos
últimos dois anos, diminuímos uma determinada percentagem na
eletricidade, que agora volta a aumentar, em termos custos, com o
aumento do IVA, diminuímos os custos com a segurança, através de um
concurso público internacional". Neste âmbito, o responsável máximo
pela academia aguarda pelo Orçamento de Estado para o próximo ano.
Documento que irá ajudar a definir as contas das universidades.
Para o reitor, "a preocupação não é tanto sobreviver, mas
sobretudo, não parar". Pela posição que têm tido, as universidades
deveriam agora merecer uma nota de reconhecimento. "Não que ache
que, se o País está a fazer um sacrifício, nós não devêssemos ter
um corte, mas devíamos ter a capacidade de utilizar as receitas
próprias geradas por nós de forma mais autónoma. As universidades
têm assumido sempre o seu papel de autonomia, não têm dívidas, e
portanto, mais do que acomodar os cortes deveríamos ter regras mais
flexíveis na execução orçamental", explica Queiroz.
Também nesta mesma linha, Carlos Salema, presidente do Conselho
Geral, defende que "os recursos humanos e as potencialidades das
academias devem ser utilizadas pela comunidade". As autoridades e
empresas utilizam "ainda muito pouco o conhecimento produzido
nestas instituições". A transferência de conhecimentos e
tecnologias é algo "pouco desenvolvido em Portugal" e que pode ser
uma das soluções para atenuar a crise e encontrar novas formas de
financiamento. Aumentar o número de empresas que nascem nas
universidades pode ser "uma alavanca para o desenvolvimento"
Eduardo Alves
Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico