1ª Coluna
E a melhor escola é…
Afinal qual é a melhor escola? A
pergunta surge anualmente quando são divulgados os resultados dos
exames nacionais e, por conseguinte são elaborados os rankings
amplamente reproduzidos na imprensa.
Será melhor escola aquela que, num
contexto escolar, social e económico adverso, localizada numa
região deprimida ou num bairro problemático de uma qualquer cidade,
consegue obter resultados escolares e sociais positivos,
recuperando muitas vezes situações que pareciam impossíveis de ter
solução? Ou será a escola inserida num cenário sócio económico
positivo, em que os pais dos alunos até têm possibilidade de pagar
explicações aos seus filhos?
A questão dos rankings das escolas,
já o referi e volto a fazê-lo, apresentadas da forma como o são,
constituem um instrumento enganador para a opinião pública.
Os rankings (e é bom que as escolas
conheçam a sua realidade) devem constituir, isso sim, um
instrumento de trabalho para as próprias escolas, agrupamentos e,
porque não dizê-lo, para os mega agrupamentos. Um instrumento de
reflexão e de análise que deve ser visto à realidade de cada
estabelecimento de ensino, do meio em que está inserido e da
comunidade que serve.
Acontece que ano após ano, a
questão é tratada com a ligeireza de quem faz a soma de 1+1. É
fácil ir aos resultados dos exames e escalonar as escolas cujos
alunos obtêm melhores resultados nos exames. É uma análise
simplista que esquece tudo aquilo que a escola representa, o espaço
em que ela está inserida, a sua comunidade, os projetos educativos
etc. Como se fosse justo, comparar os resultados de uma escola com
uma comunidade educativa sem problemas de maior, com uma outra que
no seu seio até tem alunos oriundos de circos ou de outros
espetáculos que andam de terra em terra e que fruto disso recorrem
a aulas por computador, tendo mais dificuldade em ter tanto sucesso
nos exames como outros alunos. Uma escola que, ainda assim,
conseguiu criar condições para que esses alunos tivessem
aproveitamento escolar.
A conversa continua a ser a mesma.
Todos os anos, mais ou menos por esta altura, os telejornais abrem
o noticiário dizendo que a melhor escola é… O pior de tudo isto é
que a informação acaba por condicionar o pensamento de um povo já
de si gasto com a desinformação política a que tem sido sujeito. A
escola, os professores, os alunos, a comunidade educativa e todos
nós merecíamos mais. Partilho a ideia de João Ruivo: a escola
continua a ser a única instituição onde diariamente confiamos os
nossos filhos. Mas afinal qual será a melhor escola?