Motor

Quatro rodas
Crise sobre rodas

Paulo AlmeidaDizem, os alegados entendidos de futebol, que os governos ficam mais confortáveis, quando o Benfica ganha alguma competição. Assim o povo esquece as crises, entretido que está com os festejos.

Podemos pois concluir de uma forma, um pouco grosseira, que mesmo em plena crise, e apesar dos passivos milionários que gera, o futebol é sempre bem-vindo, pois se não é o Benfica será o Porto a dar algumas alegrias, neste caso, mais ao povo do norte.

Não havendo paralelo com o futebol, proponho, no entanto, para hoje, uma reflexão sobre a forma como devemos encarar o automobilismo numa época de crise. Será que, quando falta dinheiro ao povo para os bens essenciais, não é chocante ver por aí os carros "artilhados", queimar combustível e derreter borracha dos pneumáticos?

Penso que já passou o tempo do PREC, em que manifestações populares punham em risco a realização de provas automobilísticas, no entanto, a delicadeza do momento pelo qual passamos, poderá levar a atitudes irrefletidas, que tenham como consequência prejudicar estes eventos desportivos.

Antes pois, de criticar este desporto, devemos refletir. Para ajudar deixo aqui, alguns argumentos a favor do desporto automóvel, mesmo nesta altura de crise.

Em primeiro lugar, este desporto assegura já, de forma direta, emprego a algumas centenas de portugueses e certamente a alguns milhares, de forma indireta.

motor.jpgDepois posso também afirmar que é uma atividade, que está visceralmente associada ao turismo, no bom sentido claro, ajudando a gerar receitas nesta indústria.

Muito importante é, também, o equilíbrio que se conseguiu, entre organizações, autoridades e ambiente. Quem pratica este desporto por essa europa fora, sabe bem a que me refiro. É fácil encontrar na europa autoridades policiais a "incomodar" os praticantes, procurando à lupa aquela irregularidade que lhes poderá permitir um garboso exercício da autoridade. Por cá, felizmente, as autoridades estão com este desporto, e isto é uma verdadeira vantagem competitiva que devemos conservar.

É pois com grande modéstia, que recomendo o desporto automóvel, como mais uma solução, que poderemos usar em forma de antibiótico para a crise. Em Portugal, sabemos fazer automobilismo de qualidade, como tal, devemos continuar a usar as nossas organizações automobilísticas como produto de exportação.

O automobilismo é, cada vez mais, um conteúdo a ter em conta na imparável indústria do entretenimento e, se soubermos usar as condições ímpares que temos por aqui, tudo isto poderá ser mais uma pequena contribuição para a recuperação do país.

Em jeito de conclusão, fica também a recomendação para que ninguém "atire uma pedra" a este desporto, quem sabe poderá ser amanhã, a fonte do seu ganha-pão.

Paulo Almeida
 
 
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