Quatro rodas
Crise sobre rodas
Dizem, os alegados entendidos de futebol, que os
governos ficam mais confortáveis, quando o Benfica ganha alguma
competição. Assim o povo esquece as crises, entretido que está com
os festejos.
Podemos pois concluir de uma forma,
um pouco grosseira, que mesmo em plena crise, e apesar dos passivos
milionários que gera, o futebol é sempre bem-vindo, pois se não é o
Benfica será o Porto a dar algumas alegrias, neste caso, mais ao
povo do norte.
Não havendo paralelo com o futebol,
proponho, no entanto, para hoje, uma reflexão sobre a forma como
devemos encarar o automobilismo numa época de crise. Será que,
quando falta dinheiro ao povo para os bens essenciais, não é
chocante ver por aí os carros "artilhados", queimar combustível e
derreter borracha dos pneumáticos?
Penso que já passou o tempo do PREC,
em que manifestações populares punham em risco a realização de
provas automobilísticas, no entanto, a delicadeza do momento pelo
qual passamos, poderá levar a atitudes irrefletidas, que tenham
como consequência prejudicar estes eventos desportivos.
Antes pois, de criticar este
desporto, devemos refletir. Para ajudar deixo aqui, alguns
argumentos a favor do desporto automóvel, mesmo nesta altura de
crise.
Em primeiro lugar, este desporto
assegura já, de forma direta, emprego a algumas centenas de
portugueses e certamente a alguns milhares, de forma indireta.
Depois posso também
afirmar que é uma atividade, que está visceralmente associada ao
turismo, no bom sentido claro, ajudando a gerar receitas nesta
indústria.
Muito importante é, também, o
equilíbrio que se conseguiu, entre organizações, autoridades e
ambiente. Quem pratica este desporto por essa europa fora, sabe bem
a que me refiro. É fácil encontrar na europa autoridades policiais
a "incomodar" os praticantes, procurando à lupa aquela
irregularidade que lhes poderá permitir um garboso exercício da
autoridade. Por cá, felizmente, as autoridades estão com este
desporto, e isto é uma verdadeira vantagem competitiva que devemos
conservar.
É pois com grande modéstia, que
recomendo o desporto automóvel, como mais uma solução, que
poderemos usar em forma de antibiótico para a crise. Em Portugal,
sabemos fazer automobilismo de qualidade, como tal, devemos
continuar a usar as nossas organizações automobilísticas como
produto de exportação.
O automobilismo é, cada vez mais, um
conteúdo a ter em conta na imparável indústria do entretenimento e,
se soubermos usar as condições ímpares que temos por aqui, tudo
isto poderá ser mais uma pequena contribuição para a recuperação do
país.
Em jeito de conclusão, fica também
a recomendação para que ninguém "atire uma pedra" a este desporto,
quem sabe poderá ser amanhã, a fonte do seu ganha-pão.