O estudo segundo a geração digital
A escola enfrenta hoje um dos seus
maiores desafios, o desafio digital. De um lado estão os alunos,
nativos digitais, que nasceram com as novas tecnologias. Do outro,
os professores, imigrantes digitais, obrigados a adaptar-se àquilo
que essas novas tecnologias trouxeram e aos novos hábitos que
surgiram no seio da comunidade escolar.
Presença assídua junto dos jovens e também da classe docente,
os dispositivos móveis, com, particular destaque para os telemóveis
ou «smartphones», surgem como um equipamento capaz de fazer emergir
as mais variadas representações face à sua utilização, enquanto
recurso educativo. Mesmo sendo interdito dentro da sala de aula,
por imposição das próprias escolas e dos normativos legais, ele
permanece activo, mas em silêncio, junto dos alunos e dos
professores.
"É esta a realidade que a escola encontra. O telemóvel
tornou-se num acessório de uso quase obrigatório pelas gerações
mais novas e é utilizado numa série de situações diárias, desde as
aulas, aos tempos lúdicos e aos tempos passados com a família ou
com os amigos". (E-Generation, 2007).
A velocidade com que as novas tecnologias evoluem, a
informação que os jovens estudantes têm à sua disposição, colocam,
sem dúvida, questões à escola, aos pais e encarregados de educação,
aos professores e aos alunos.
É mais fácil pesquisar no Google do que ir ao índice do livro
e esclarecer a dúvida, e já nem é necessário escrever no teclado
virtual. Basta falar para o telemóvel, que ele faz automaticamente
a pesquisa. É deste modo que muitos jovens e crianças já estudam.
Perguntam ao telemóvel e ele responde. O difícil é saber se a
resposta da pesquisa é a correta. Mas também aqui, há informação
fidedigna, associada a editoras ou a empresas de formação, que dão
essa garantia.
Mas será correto deixarmos os nossos filhos introduzirem no
seu método de estudo estes novos dispositivos?
O conservadorismo nunca permitiu a evolução da ciência. No
passado também havia quem criticasse a introdução dos livros, que
com Gutenberg passaram a ser mais acessíveis e impressos e maior
escala.
A memorização daria lugar à consulta e ao estudo pelo livro.
Agora o paradigma é outro. Não é fácil, para quem aprendeu já em
adulto ou em jovem adulto a mexer com as novas tecnologias,
perceber a nova geração de nativos digitais que até já deixaram de
usar o polegar para escrever a expressão ou a frase que pretendem
pesquisar. Usam a oralidade. Falam para a máquina. E esta
mostra-lhes as respostas disponíveis, que podem ser ou não as
corretas.
A escola pode continuar a proibir o uso destes dispositivos
dentro do seu espaço, mas não será isso que vai travar esta nova
revolução e o modo como os mais jovens olham para o estudo e para a
aquisição de conhecimento.
A escola, nós enquanto pais ou encarregados de educação, os
professores e a comunidade de uma forma geral, deve tentar
compreender este fenómeno, deve estar do lado da evolução e não da
repressão.
Só assim poderemos responder a esta espécie de revolução
digital, que em poucos anos, transformou o mundo, as suas
mentalidades e o modo como se comunica e se interage, como nos
descobrimos e como se descobrem as descobertas...