primeira coluna
Unir, internacionalizar, inovar
Um dos objetivos que as instituições de
ensino superior perseguem é a ligação ao tecido empresarial, com
todas as dimensões que isso pressupõe, como a promoção de
consórcios entre si e com empresas, associações empresariais ou
clusters de diferentes setores, numa lógica abrangente, que não
deve ficar resumida ao plano interno.
São desafios que, num mesmo patamar, incluem diferentes aspetos
que, se bem concretizados, podem capacitar a realização de projetos
nacionais e internacionais, promovendo a inovação prática, criando
soluções para problemas, partilhando experiências e promovendo o
saber.
Esta nova filosofia, de partilha de conhecimento e inovação,
assente muitas vezes em projetos que têm financiamento de fundos
comunitários, são uma oportunidade que não deve ser desperdiçada e
que exige, das universidades e politécnicos, mas também do tecido
empresarial, visão estratégica. Por um lado, as instituições de
ensino superior colocam o seu saber e a sua investigação ao serviço
de diferentes setores. Por outro, empresas e associações deixam de
ser elementos passivos e passam a utilizar o conhecimento como uma
arma para ultrapassar problemas e desafios. Por outras palavras,
universidades e politécnicos deixam de estar fechados sobre si
mesmos, trabalham e reforçam as parcerias entre si, trabalhando em
rede, com o mesmo objetivo e financiamento garantido para processos
de investigação e inovação. Da mesma forma, o tecido empresarial e
económico também se abre à academia (o que nem sempre acontece,
pois, sobretudo nas pequenas empresas ainda existe alguma
desconfiança para com aquilo que é produzido nas instituições de
ensino superior, ou aquilo que serão as mais valias de ter gente
altamente qualificada a trabalhar com elas), colocando-lhe desafios
e problemas, para que em conjunto eles possam ser resolvidos e
concretizados.
Unir, internacionalizar e inovar são por isso objetivos que devem
ser perseguidos e alcançados pelo país. Felizmente há muitos bons
exemplos. O projeto +Agro é um deles: promovido pela Universidade
da Beira Interior, envolveu outras academias como a Universidade de
Évora e os politécnicos de Castelo Branco, Guarda, Coimbra e Viana
do Castelo, e ainda a associações do Cluster Agro Industrial do
Centro (InovCluster). Participaram também entidades empresariais e
de investigação, como o ISQ e a FoodinTech, os quais trouxeram
soluções e propostas para um setor tão importante como o
Agro-Industrial.
A par destes projetos, há todos os outros de investigação,
financiados pela Fundação para a Ciência e para a Tecnologia, quer
para bolseiros, quer para unidades de investigação das
universidades e politécnicos. A dinâmica está criada. Certamente
que haverá buracos na estrada, o que obriga a que muitas vezes
instituições de ensino, investigadores, empresas e associações
utilizem veículos todo-o-terreno. Mas hoje, as oportunidades são
muitas. Com flexibilidade de todos, a começar pela tutela, pelas
instituições, associações e tecido empresarial, certamente que o
país será mais competitivo e ficará habilitado a exportar e
partilhar a inovação realizada.
João Carrega
carrega@rvj.pt