Suplemento IPCB

IPCB com projeção nacional e internacional

antonio_fernandes1.jpgO Insituto Politécnico de Castelo Branco está a assinalar 38 anos de vida. António Fernandes, o presidente da instituição, diz que o IPCB "tem um imenso capital humano que nos dá projeção regional, nacional e internacional". Em entrevista, o responsável máximo pela instituição fala em grandes desafios que passam pela sustentabilidade demográfica e orçamental, e pelo ajuste de escala.

Este ano a instituição acolheu 1532 novos alunos tendo em conta todas as ofertas formativas. António Fernandes, na sua primeira grande entrevista após ter sido eleito presidente do IPCB, fala também da captação de alunos internacionais, da investigação no Politécnico e da possibilidade de virem a ser criados doutoramentos.

Quase quatro décadas depois de ter sido criado, que desafios se colocam ao Instituto Politécnico de Castelo Branco?

O desafio principal de hoje é o mesmo de sempre: adaptar e concretizar a sua missão aos novos estímulos resultantes de alterações de contexto. Mas encaro com confiança os desafios. Em grande parte, pelo imenso capital humano que o IPCB dispõe e que nos dá projeção regional, nacional e internacional. Com visão e estratégia, teremos que ser capazes de saber aproveitar os desafios que se colocam ao nível do ensino, da investigação, da prestação de serviços bem como no quadro das artes, da cultura, do desporto, da tecnologia ou do pensamento.

De forma mais objetiva diria que os desafios são aqueles que identifiquei e que referi no Programa de Ação que apresentei ao Conselho Geral: Sustentabilidade demográfica. A tendência de redução demográfica da região centro, e particularmente no interior da região, é absolutamente preocupante e terá consequências muito relevantes relativamente ao número de estudantes que ingressarão no ensino superior; Sustentabilidade orçamental. A instituição terá que melhorar ao nível da utilização de recursos e reduzir a percentagem do orçamento total em despesas com pessoal; Ajuste de escala, conjugando horários e turmas que vise melhorar níveis de eficiência, designadamente no que se refere à carga horária de docentes e recursos técnicos usados.

Este ano houve uma redução de cerca de três mil alunos na fase nacional de acesso ao ensino superior. Uma redução que coincidiu com o aumento de 5% nas vagas das instituições de ensino superior. Que balanço faz do comportamento do IPCB no que respeita à captação de novos alunos?

Faço um balanço muito positivo. Concluídas todas as fases de candidatura ao ensino superior para o ano letivo de 2018/19, entraram no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) nos cursos de licenciatura 1015 alunos (mais 29 que o ano letivo anterior). 532 provenientes do concurso nacional de acesso, 50 do concurso local e 433 vindos de outros regimes. Pelo sexto ano consecutivo verificamos um aumento do número de alunos que ingressam no IPCB.
Relativamente aos estudantes internacionais, tivemos um aumento muito significativo, no presente ano letivo, ao matricularem-se 228 estudantes (mais 78 estudantes que o ano letivo anterior).
No que respeita às outras ofertas formativas, matricularam-se no presente ano letivo nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) 304 novos alunos (mais 72 que o ano letivo passado) e nas Pós-graduações e Mestrados 212, estando ainda a decorrer uma fase de candidaturas. Considerando todas as ofertas formativas, entraram no IPCB no presente ano letivo 1532, mais 52 que no ano passado, onde ingressaram no IPCB 1479 novos alunos.
Sim, é verdade. Temos as pós-graduações em Sistemas de Informação Geográfica (13 admitidos); Proteção Civil (24 admitidos + 12 admitidos condicionalmente); e Gestão de Negócios (19 admitidos + 12 admitidos condicionalmente).

antonio fernandes2.jpgA estes juntam-se os alunos dos cursos de ensino a distância...

O que se verifica é que o Concurso Nacional de Acesso tem vindo a perder importância para a entrada de jovens no ensino superior…

A nível nacional cera de 1/3 dos estudantes ingressaram no ensino superior por regimes de ingresso que não o Concurso Nacional de Acesso (CNA). Esta questão foi aliás vincada pelo Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. No IPCB cerca de metade dos estudantes ingressaram este ano por via do CNA e outra metade por outros regimes de ingresso. Não me parece que haja qualquer problema com este aspeto. Temos imensos casos de sucesso de diplomados do IPCB que ingressaram por outra via que não o CNA e que são excelentes quadros de empresas e instituições tanto a nível regional como nacional.

Relativamente ao número de estudantes está a ser muito positiva. Do ano passado para este ano letivo tivemos um aumento de 72 estudantes. São formações interessantes do ponto de vista da resposta às necessidades de técnicos com que as organizações atualmente se deparam. É uma formação mais curta, mais especifica e que possibilita ainda o ingresso no ensino superior.

Reitero que temos imensos casos de sucesso de diplomados do IPCB que ingressaram por outra via que não o CNA. Muitos dos estudantes dos CTeSP estão a ingressar nas licenciaturas do IPCB.

A questão demográfica é de facto algo muito preocupante para todo o país. E é um problema com que a nossa instituição se depara. O número de jovens com 18 anos vai decrescer em Portugal a uma taxa média de 1% ao ano. Nas previsões para a Região Centro, a taxa de variação média anual dos jovens com 18 anos será da ordem dos 2,5%. Isto é absolutamente dramático. Em trinta anos teremos, na região centro, o número de jovens com 18 anos reduzidos a cerca de metade. Mantenho alguma esperança em que no curto prazo o país vai deixar de desperdiçar cerca de 2/3 dos jovens que terminam o ensino secundário ou o ensino profissional e não ingressam no ensino superior. Considero que é uma questão absolutamente crucial para Portugal, que temos que melhorar e que presentemente não contribui para a sociedade desenvolvida que queremos e merecemos ser.

A captação de alunos estrangeiros é outra das soluções que as instituições de ensino superior procuram. O IPCB tem vindo a aumentar o número desses alunos? Qual é a expetativa, ou o objetivo, no curto-médio prazo?

Este ano aumentámos o número de estudantes internacionais. Temos mais 78 estudantes que no ano passado. A cidade e a região deverão, na minha opinião, valorizar a vinda destes estudantes e apoiar a sua integração. Temos alguns casos sinalizados de estudantes com dificuldade de arranjar alojamento em castelo branco. Com as nossas residências temos ajudado na medida do possível.

O facto do IPCB estar sedeado em Castelo Branco e ter também uma escola em Idanha-a-Nova, é um fator de atratividade para os alunos estrangeiros, que assim podem estudar num ambiente seguro, acolhedor e mais económico que nas grandes cidades?

Considero que sim. É incomparável o custo de vida com uma grande cidade. A questão da segurança é outro fator também muito valorizado pelos estudantes e pelas entidades internacionais parceiras do IPCB.

Recentemente foi aprovada legislação que permitirá aos politécnicos atribuir o grau de doutoramento. O IPCB está posicionado para poder avançar nalguma área quando isso for possível?

Os doutoramentos deixam de estar dependentes do subsistema a que pertence a Instituição de Ensino Superior. Deixa de ser um impedimento legal e passa a depender de um conjunto de critérios objetivos que são iguais para universidades e politécnicos. Um dos critérios é as IES demonstrarem que produzem ciência na área em que querem abrir essa formação e as unidades de investigação associadas têm de ter a classificação mínima de Muito Bom na avaliação da FCT. É um trabalho exigente que tem que ser feito, mas que demora o seu tempo. A organização em consórcios, trabalhando em rede e aproveitando o que existe de melhor em cada instituição de ensino superior parece-me uma boa opção. O IPCB está naturalmente disponível para o fazer.

É nessa perspetiva que irão funcionar as unidades de investigação?

Sem dúvida. O IPCB possui atualmente 6 Unidades de Investigação e Desenvolvimento (UID). Sou de opinião que, especialmente no ensino superior politécnico, as práticas de ensino e aprendizagem devem focar-se nas profissões e terem suporte nas atividades de investigação. Esta evolução do IPCB para um nível organizacional científico e tecnológico que estimula os valores intrínsecos das atividades de investigação terá forte impacto na Instituição permitindo a criação de grupos fortes de investigação que diferenciam a instituição em termos de oferta formativa.

Referiu, recentemente, que uma das primeiras prioridades do seu mandato é equilibrar financeiramente a instituição. De que forma isso poderá ser feito?

Quanto à questão financeira, teremos que apostar em políticas concretas de aumento de receitas, designadamente através de projetos com enquadramento em fundos nacionais e europeus. Simultaneamente adotar um modelo de governação e gestão assente em critérios objetivos, transparentes e bem comunicados a toda a comunidade. Este ano foram definidos critérios para as renovações de contrato e novas contratações que foram comunicados objetivamente aos diretores. Juntamente com os diretores das escolas, tentámos melhorar a coordenação de horários e turmas que vise melhorar níveis de eficiência, designadamente no que se refere à carga horária de docentes e recursos técnicos usados. Decidimos ainda avançar com algumas medidas gestionárias. Uma medida que tomámos este ano foi decidir só abrir 2

A abertura dos CTESP's, apesar das dúvidas iniciais aquando da sua criação, está a ser positiva para o IPCB?

A diminuição do número de alunos nos ensinos básico e secundário pressupõe que haja menos candidatos no futuro para o ensino superior. Este é um problema demográfico. Mas depois há o outro, pois muitos dos jovens que terminam o secundário ou o ensino profissional não querem seguir estudos. Se a questão demográfica não se resolve de um ano para o outro, considera haver condições para convencer os jovens que estudar compensa? ªfase de candidaturas nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) onde se verificou um número mínimo de estudantes colocados/matriculados na 1ª ºda Lei n.º62/2007, de 10 de setembro). A reflexão pode sempre ser feita e podem ser analisados vários cenários, mas a formalização cabe ao Conselho Geral do IPCB. Ao presidente do IPCB caberá promover a reflexão.

Da parte do OE deveria haver uma fórmula que atribuísse o valor justo às instituições de ensino superior, tendo em conta também aquilo que elas representam para as regiões em que estão inseridas?

Defendo um modelo de financiamento que inclua, para além do número de alunos, indicadores de eficiência pedagógica e científica, de gestão, de empregabilidade dos diplomados, de internacionalização e de análise do impacto da atividade das IES na economia local e regional.

E ao nível das unidades orgânicas, está prevista uma reorganização? De que forma isso pode vir a ser concretizado?

O assunto da reorganização do IPCB merece ampla discussão. Sinto inclusivamente que as pessoas têm vontade de participar nesse processo de reconstrução. A designação das Escolas, as formações ministradas, a complementaridade entre Escolas e as diferenças existentes relativamente à faixa etária do corpo docente, às necessidades de contratação, ao número de alunos, à atratividade dos cursos, são, entre outros, assuntos que exigem debate. Em alguns casos o eventual reequilíbrio poderá contribuir para a melhoria dos níveis de eficiência institucional. De facto, as áreas de formação são cada vez mais complementares e é cada vez mais difícil encontrar limites à atuação de cada Escola. Acresce que o conhecimento se constrói com base na pluridisciplinaridade das áreas, onde se podem cruzar tecnologias com ciências sociais, artes com humanidades, saúde com desporto, turismo com desporto, saúde com ciências da vida, ou outras áreas e outras ligações. Por outro lado, permite que mais facilmente e com menos burocracia o estudante possa levar a cabo percursos individualizados de formação. Neste contexto é oportuna uma reflexão sobre as sinergias resultantes de possíveis associações com vista ao aumento da eficácia (no que concerne a percursos formativos mais consistentes) e da eficiência (no que diz respeito a uma melhor utilização de recursos). Evidentemente que sobre esta matéria o Conselho Geral do IPCB terá uma relevância fundamental e decisória em todo o processo. É importante referir que os estatutos do IPCB se encontram em vigor e só podem ser alterados pelo Conselho Geral e por decisão de dois terços dos membros do conselho geral em exercício efetivo de funções (números 2 a 4 do artigo 68.

 
 
 
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