1ª Coluna

primeira coluna
A justiça, o medo e a coragem

IMG_1620.jpgJUSTIÇA. Os alunos do ensino recorrente que queiram candidatar-se ao ensino superior terão que realizar exames nacionais. A medida aprovada pelo Ministério da Educação vem colocar justiça e igualdade no acesso às universidades e politécnicos públicos. É que desde 2006 os estudantes do ensino recorrente não necessitavam de fazer exames nacionais para concorrer ao ensino superior, ficando em vantagem face aos alunos do ensino regular.

O objectivo do Ministério foi o de criar igualdade de oportunidades já neste ano lectivo. Mas o facto de muitos alunos do ensino recorrente terem interposto recursos em tribunal (e nalguns casos os meios judiciais deram-lhes razão) fez com que a tutela permitisse às instituições de ensino superior abrirem vagas adicionais destinadas aos alunos do ensino regular que vierem a ser prejudicados.



A moralização do acesso ao ensino superior deve ser aplaudida em todos os aspectos. Numa outra perspectiva também a distribuição das vagas e dos cursos pelas instituições também deveria merecer a mesma coragem política. Só assim o país terá equidade territorial.

MEDO.O medo e a incerteza instalou-se na escola pública, aquela onde milhões de portugueses confiam os seus filhos. A classe docente entra no novo ano lectivo com vontade de fazer mais e melhor, mas num clima de grande desalento e desconfiança. É que segundo o ministro da educação, o futuro vai encarregar-se de reduzir ainda mais o número de professores. Noutro tempo, não muito longínquo, caía o carmo e a trindade.

CORAGEM. É aquilo que se pede ao país. Um país sem dinheiro, onde a agonia de quem está no desemprego, se cruza com quem ainda com trabalho vê os seus rendimentos serem cortados. As famílias portuguesas, com filhos em idade escolar, arrancam o mês de Setembro a fazer contas de «sumir». Em muitos casos 700 euros não são suficientes para a compra dos livros e do material escolar - na educação não há «genéricos». O crédito já teve melhores dias, o fiado só pode ser dado amanhã e a solidariedade é uma palavra que muitas vezes é confundida com caridade. Haja, pois coragem, que a situação assim o obriga.



 

 



 



João Carrega
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico
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