Primeira Coluna
Ensino superior, fator de coesão
Os resultados da
1ª fase de acesso ao ensino
superior evidenciaram que a quebra de natalidade verificada nas
últimas duas décadas em Portugal, a qual já tinha feito estragos
nos ensino básico e secundário, deu sinais claros que é necessário
intervir no setor. Mas demonstraram também outro aspeto: a falta de
intervenção da tutela em criar condições de equidade e de coesão
territorial junto e a partir das instituições de ensino
superior.
Quando referimos a necessária
intervenção, focamo-nos por exemplo no reforço de medidas que levem
mais jovens a concluírem o ensino secundário em Portugal. O nosso
país está muito longe de atingir os níveis de escolaridade e de
diplomados exigidos pela comunidade internacional. Precisamos de
mais licenciados, mestres e doutores.
A coesão territorial que o ensino
superior pode trazer (e tem o conseguido) deve ser mais reforçada.
É comum anunciar-se, em tempo de crise económica e de valores
(Portugal também começa a viver uma crise valores, veja-se como se
olha para a Constituição do nosso país) o encerramento de serviços,
instituições e entidades.
Nesta fase, em que, habilmente, a
população acaba por ser manipulada na tentativa de lhe demonstrar
que esse é o caminho da salvação, a dita liquidação acaba por ser
aceite. Mas Portugal não pode, nem deve ir por esse caminho. Tudo
aquilo que significar o encerramento de instituições, significa uma
perda. Para as populações, mas acima de tudo para o país. Os
interesses corporativos não devem passar por cima da equidade e da
coesão de um território.
Hoje, universidades e politécnicos
públicos, do litoral e do interior, têm os seus cursos devidamente
avaliados e validados pela Agência para a Avaliação do Ensino
Superior. Os próprios rankings internacionais demonstram isso
mesmo.
Como sempre o fizemos continuamos a
acreditar em Portugal, mas importa que quem tem poderes para
decidir também acredite e tenha em conta que o futuro só nos traz
sucesso através da qualificação. Um país qualificado estará sempre
preparado para enfrentar as crises, que teimam em ser cíclicas,
para ser competitivo e moderno. E isso não se faz através da
asfixia daqueles, que sendo mais fracos, têm a sua qualidade
reconhecida nacional e internacionalmente.