Projeto no Minho
Urina dá eletricidade
O Centro de Engenharia Biológica da
Universidade do Minho está a produzir eletricidade e fertilizantes
a partir de urina humana. Este projeto europeu, intitulado Value
from Urine, já despertou o interesse da Agência Aeroespacial
Norte-Americana (NASA) e da Agência Espacial Europeia (ESA). O
objetivo é produzir, numa primeira fase, fertilizantes para solos
rico em fósforo, e, num segundo momento, utilizar células de
combustível microbianas capazes de gerar eletricidade e
fertilizantes ricos em azoto.
"A valorização da urina separada
dos outros componentes do efluente doméstico baseia-se no conceito
de saneamento descentralizado, que poderá ser aplicado em zonas
remotas ou nações em vias de desenvolvimento sem redes de esgotos e
redes elétricas. Trata-se de um processo que assenta na separação e
reutilização das correntes de água poluída gerada em cada
habitação", adianta a professora catedrática Madalena Alves,
coordenadora do projeto a nível nacional.
Por exemplo, as águas dos banhos ou
das lavagens de roupa podem ser reutilizadas nos autoclismos. Por
outro lado, as águas negras, mais concentradas em poluentes, devem
ser separadas das águas chamadas 'cinzentas', que têm níveis de
contaminação menor, permitindo um tratamento diferenciado de acordo
com o grau de poluição. "Evita-se, desta forma, a diluição de
poluição, ou seja, a contaminação de correntes de águas limpas com
correntes contaminadas. A separação diferenciada da urina é um
passo a mais no conceito de saneamento descentralizado. Este
sistema é mais sustentável e eficiente do que o atual modelo de
saneamento centralizado adotado na maioria dos países ocidentais",
explica a investigadora da UMinho. O "Value from Urine" conta com o
financiamento do 7.º Programa
Quadro da União Europeia e é coordenado pelo Instituto Wetsus, na
Holanda.