Prémio europeu para o Minho
Miguel Julião, professor da Escola de
Medicina da Universidade do Minho, acaba de receber o Clinical
Impact Award da Associação Europeia de Cuidados Paliativos, um dos
principais prémios mundiais na área. A distinção reconheceu a
eficácia da sua "Terapia da Dignidade" no combate ao sofrimento
psicológico e existencial dos doentes em fim de vida, entre outras
investigações pioneiras em Portugal que desenvolve na área.
O docente mostrou-se "feliz" pelo
galardão, que foi entregue no 15º Congresso Mundial EAPC, em
Madrid, Espanha. Salientou ainda que "os cuidados paliativos e o
morrer são muito mais do que um problema académico e/ou médico, são
um problema social". O tema ganha relevo após o recém-aprovado
projeto-lei sobre os direitos das pessoas em fim de vida e será
discutido em breve na Assembleia da República.
Os resultados do ensaio clínico
premiado, que envolveu uma amostra de doentes com elevado
sofrimento psicológico e um grupo de controlo (sujeito à
intervenção paliativa multidisciplinar isolada), demonstraram que
esta intervenção inovadora - uma psicoterapia breve em fim de vida
- promoveu o aumento da qualidade de vida e da satisfação e a
redução do sofrimento psicossocial, em aspetos como a depressão,
ansiedade e desmoralização, face ao grupo de controlo. Provou-se
ainda que os doentes deixaram de manifestar o desejo de antecipação
de morte: "A melhoria destas variáveis, aliada à diminuição da
depressão e de outras facetas do sofrimento em fim de vida,
resultou num aumento da sobrevida dos doentes".
Miguel Julião nasceu há 36 anos em
Lisboa. É doutorado em Ciências e Tecnologias da Saúde - Cuidados
Paliativos pela Universidade de Lisboa e especialista em medicina
geral e familiar. Centra a investigação em cuidados paliativos,
cuidados em fim de vida, sofrimento psicossocial, dignidade e
humanização. Tem cerca de 40 artigos em revistas científicas
internacionais.