Primeira Coluna
A escola, o vírus e a sociedade
A escola
voltou ao ensino presencial. A medo, com responsabilidade e vontade
de dar resposta a um cenário que não se conhece muito bem.
Professores, alunos, funcionários e famílias procuram encarar este
regresso com a tranquilidade possível e com um conjunto de regras
que todos devemos ser responsáveis em cumprir.
Salas de aula dedicadas a cada turma, idas à casa de banho
condicionadas e fora dos intervalos, bares escolares fechados,
refeitórios com serviço take away, circuitos de circulação de
pessoas diferenciados, uso obrigatório de máscara, higienização
frequente das mãos e dos espaços, horários desencontrados e
intervalos reduzidos são algumas das medidas que alunos,
professores e funcionários encontram neste regresso às aulas
presenciais em tempo de pandemia.
Dentro do espaço escolar a exigência é grande e importa que todos,
sem exceção, tenham consciência da sua importância. Não só dentro
da escola, como fora. Se isso não for feito, corre-se o risco de
todos estes procedimentos que as instituições adotaram não tenham
os resultados esperados e não contenham a pandemia.
Falo, sobretudo dos ensino básico e secundário, onde o impulso dos
abraços e do convívio (desde março que os jovens não se encontravam
na escola) por parte dos alunos é mais forte que a obrigação de
cumprir regras. Esta primeira semana demonstrou isso, como
demonstrou também um frenesim à porta das escolas por parte dos
pais na hora da entrada ou de saída dos alunos. Se dentro da escola
as regras são rígidas e tentam ser cumpridas, mesmo com todos os
constrangimentos relacionados com o número de alunos por sala, cá
fora todos devemos adotar atitudes responsáveis, usando a máscara,
evitando ajuntamentos, acenando em vez de abraçar, higienizando,
com frequência as mãos.
Não vale a pena pensar que a Covid-19 só acontece aos outros. Pode
afetar cada um de nós, mas a probabilidade de sermos infetados
diminui se cumprirmos as regras. Parece um cliché. Mas não há outra
forma de dizer isto. O regresso à escola é importante por vários
motivos mas também pela melhoria da nossa auto-estima. Aos
professores, alguns com doenças auto-imunes ou outro tipo de
patologias mais graves, está-se lhes a exigir que vão à escola
ministrar as suas aulas. E os professores vão, querem estar com os
seus alunos. Querem ensiná-los, pessoalmente, máscara a máscara,
mesmo que possam recorrer a plataformas digitais para consulta na
aula, que o ensino a distância trouxe algumas oportunidades. Aos
funcionários exige-se um esforço redobrado naquilo que são as suas
funções, sobretudo na higienização dos espaços. Aos alunos
pede-se-lhes que aproveitem esta oportunidade com responsabilidade.
Porque esta é uma oportunidade, num momento que o mundo vive uma
das suas maiores crises pandémicas de sempre. À sociedade, a todos
nós, exige-se clareza, respeito entre todos, mas, sobretudo,
sensatez e seriedade para que a pandemia não nos traga mais
dissabores e não nos retire mais vidas.
O regresso à escola, este ano, é feito assim. Que a ciência e o
conhecimento possam trazer, a curto prazo, a normalidade das nossas
vidas…