Ministro escreve aos estudantes e repudia praxes académicas
O Ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor,
escreveu uma carta aberta aos dirigentes académicos e associativos
no âmbito do início do ano letivo. Na missiva, a que o Ensino
Magazine teve acesso, repudia as manifestações de abuso, humilhação
e subserviência que, em certos momentos, têm ocorrido sob o rótulo
de praxe académicas.
A carta é escrita e publicada num
momento que o país e o mundo vivem um período de pandemia. Por
isso, ganha outra relevância, no entender do Ministro que apela "a
todos os responsáveis estudantis e dirigentes de instituições de
ensino superior e científicas para que se mobilizem e garantam a
dignidade da integração dos novos estudantes no ensino
superior".
Diz Manuel Heitor que "a alegada
evocação de tradições académicas, não se pode confundir e
muito menos legitimar ações de humilhação, desrespeitando e
afetando a liberdade e a autoestima dos mais novos. Não é
admissível assistir passivamente a situações que configurem
ações de humilhação e à ocorrência de cenários degradantes
que sujeitam os estudantes e envergonham a comunidade
académica. Daí a explícita manifestação de repúdio a
essas ações e o apoio expressivo a todos os que têm resistido e
combatido essas praxes académicas e outras manifestações que
atentam contra os direitos individuais e coletivos dos
estudantes".
O governante acrescenta: "este
repúdio deve ser ainda mais explícito neste novo ano letivo,
quando enfrentamos uma crise pandémica. O papel central que as
instituições científicas e de ensino superior têm assumido na
criação e difusão de conhecimento nas nossas sociedades exige
agora, de uma forma mais clara e sistemática, a sua
responsabilização na liderança do processo de normalização e
retoma dos vários sectores de atividade que está em curso em
Portugal e no restante espaço europeu".
Na sua perspetiva, "ações e
situações que violentem e prejudiquem a integração digna dos
estudantes no ensino superior devem ser combatidas por todos,
estudantes, professores e, muito especialmente, por todos os
responsáveis estudantis e dirigentes por instituições
politécnicas e universitárias, independentemente do local da sua
ocorrência".
É neste sentido que sublinha a
ideia de que "a receção dos estudantes no ensino superior é uma
responsabilidade das instituições e dos representantes estudantis
eleitos, não podendo ser dominada ou perturbada por estruturas
informais e sem qualquer mandato representativo, em especial quando
estas sujeitam os estudantes a práticas ofensivas".
Nesta carta aberta reforça a
recomedação às instituições de ensino superior "para a
importância de garantir o ensino e a avaliação presenciais, como
dimensão essencial da educação superior, instituindo
procedimentos de vigilância contínua da evolução da pandemia,
tanto a nível nacional como local, atualizando regularmente os
seus planos de contingência e monitorizando permanentemente o seu
impacto na respetiva comunidade académica, de forma a implementar,
em tempo real, as medidas de segurança adequadas a cada momento,
designadamente na contenção e mitigação de eventuais surtos
locais.
A terminar lembra que "a
realização de práticas e iniciativas de receção e integração
dos novos estudantes no ensino superior deve ser estimulada e
promovida em ambiente de ciência, cultura e cidadania, mas também
de segurança sanitária e de prevenção à propagação da
pandemia, envolvendo a atenção reforçada das associações de
estudantes e as instituições de ensino superior, bem como o
empenho de todos para que ocorram com a dignidade e o respeito pela
importância que esse momento significa para os estudantes, a
comunidade académica e a sociedade em geral".