ISEC alerta sobre fogos florestais
Áreas industriais em risco
O Instituto Superior de
Engenharia de Coimbra acaba de enviar ao Governo, à Associação
Nacional de Municípios e à CIP, a lista das zonas de fábricas e
armazéns com elevado risco de incêndio por estarem junto à
floresta. De caminho, colocou-se à disposição para, em cada uma
delas, simular o desenvolvimento de fogos, identificar as
fragilidades e propor medidas de proteção de emergência. "São
intervenções que têm custos, mas que são simples", afirma a
instituição numa nota de imprensa, que reforça: "O problema é que
as zonas industriais têm sido completamente esquecidas".
Em Portugal 63% das áreas industriais têm elevado risco de incêndio
por estarem localizadas junto à floresta, segundo um estudo do
ISEC. Para proteger fábricas vulneráveis de norte a sul do país, a
instituição desenvolveu um sistema de simulação de incêndios que
permite identificar os principais fatores de risco dos edifícios
fabris: proximidade das árvores e matos, a maioria das estruturas
em metal, os revestimentos inflamáveis dos edifícios, a ausência de
sistemas de pressurização para combate a incêndios e de sistemas de
deteção e alarme com comunicação remota.
"Conseguimos prever com rigor a evolução dos incêndios florestais
nas zonas industriais e perceber a propagação do incêndio no
interior dos polígonos, quantificando as ações térmicas em cada uma
das construções", afirma António Correia, investigador e docente do
ISEC. "Como podemos determinar exatamente quais vão ser as reações
e o comportamento do fogo nos diversos materiais que integram os
edifícios, estamos em condições de propor a empresas, a associações
empresariais ou a municípios, intervenções concretas nas suas áreas
industriais em maior risco para minimizarem os danos caso um fogo
lhes entre pelas fábricas este verão", reforça.
As intervenções prescritas pelos investigadores do ISEC são de
diversas ordens. Desde logo, a substituição de elementos metálicos
ou o seu revestimento por materiais como o betão leve, que possui
uma elevada inércia térmica, ou o gesso, que tem caraterísticas
físico-químicas que conseguem retardar o aumento de temperatura,
permitindo a absorção do calor do incêndio. A utilização de painéis
de fibra cerâmica, de lã de rocha ou tintas intumescentes - que,
quando submetidas a temperaturas elevadas, originam uma espuma
carbonizada com alto desempenho isolante - são outras das opções
recomendadas.