Politécnico

Investigador do IPCB lidera projeto inovador
Controlar doentes em tempo real

joaovalente.jpgO investigador da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias do Instituto Politécnico de Castelo Branco, João Valente, é um dos responsáveis pela aplicação e-CoVig, uma plataforma que através do uso do telemóvel permite monitorizar sinais fisiológicos de pacientes com COVID-19 sujeitos a quarentena domiciliária ou em isolamento num hospital ou lar de idosos.
O também docente daquela escola, com larga experiência na área da investigação sensorial e projetos desenvolvidos no Centro de Empresas Inovadoras, recorda ao Ensino Magazine que a candidatura foi "feita em tempo recorde" e viria a ter financiamento de 30 mil euros aprovado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
A ideia inicial de utilizar o computador como equipamento deu lugar a algo mais inovador, e a aposta passa por monitorar a temperatura e a saturação de oxigénio nos pacientes com recurso a um telemóvel.
Uma inovação que João Valente diz ter resultado no seio da própria equipa, onde entram investigadores do Politécnico de Coimbra (através da Escola de Tecnologia de Saúde de Coimbra), do Instituto de Sistemas e Robótica, do Instituto Superior Técnico; do Centro de Cardiologia, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; do instituto de Telecomunicações, e da BrainAnswer, startup que aposta nos serviços neurossensoriais destinados ao mercado empresarial.
Com o protótipo desenvolvido, a equipa de investigadores que tem trabalhado na modalidade a distância, vai avançar com a fase de testes. "Iremos realizar testes junto de pessoas não doentes comparando os resultados obtidos pela nossa solução com os dos equipamentos médicos", explica.
João Valente revela que "os testes irão ser feitos em Coimbra, pelo Politécnico, mas queremos também realizá-los junto de doentes Covid. Neste caso concreto aguardamos pela resposta da Comissão de Ética do Hospital de Santa Maria". Estas fases de testes abrangerão cerca de 60 pessoas.
O investigador diz que a e-CoVig é uma solução tecnológica de baixo custo. Com um smartphone é possível fazer a monitorização da temperatura, as pulsações e a saturação de oxigénio no sangue ou a tosse. "O sistema utiliza sensores, uma espécie de auriculares que permitem medir a temperatura e a saturação de oxigénio. O próprio telemóvel, através da sua câmara permitirá medir as pulsações".
Os dados recolhidos estão a ser encaminhados para a plataforma BrainAnswer, "onde é possível configurar o acesso por parte de médicos, enfermeiros e cuidadores consoante o respetivo nível de responsabilidade", revela.
Mas a aposta é que este sistema venha a ser aprovado e implementado pelo Serviço Nacional de Saúde. João Valente não tem dúvidas da mais valia desta solução. "Consegue-se fazer o seguimento da doença e alertar, de forma rápida as autoridades, caso haja um avanço da doença. Hoje essa monitorização é feita pelos profissionais de saúde que telefonam para os pacientes. Com a nossa solução é tudo imediato".
Outra mais valia da e-CoVig diz respeito ao facto do "próprio telemóvel ficar com um histórico dos dados recolhidos. Isto permite que um paciente se tiver que recorrer aos serviços de saúde possa mostrar esses indicadores aos médicos", frisa João Valente.
O investigador do IPCB diz que a solução pode ser utilizada para outras patologias. "Pode ser útil no rastreio e seguimento de uma doença. Não é uma aplicação de diagnóstico, pois isso obriga a outro tipo de exames e a outros parâmetros, mas é uma solução que pode ser usada no rastreio e acompanhamento", sublinha.
Na prática, e como refere o Politécnico de Castelo Branco em nota enviada ao Reconquista, esta solução "permite fazer o acompanhamento remoto e em tempo real da sintomatologia dos indivíduos em vigilância clínica por suspeita de terem contraído o novo coronavírus".
Uma solução que poderá ser útil no apoio às autoridades, "designadamente a Direcção-Geral de Saúde, na gestão dos infetados, antevendo-se um impacto direto nas linhas de contacto como a SNS24".
Diz ainda o IPCB, que "o sistema de aquisição e gestão de dados fisiológicos e-CoVig visa agilizar e automatizar as interações dos pacientes com o Sistema Nacional de Saúde, reduzir o risco de contaminação dos profissionais do setor, densificar o processo de monitorização a longo prazo, aumentar a precisão do diagnóstico e a capacidade de monitorização simultânea de mais sujeitos, bem como gerar alertas automáticos de modo a melhorar a celeridade e eficácia do serviço de apoio".

 
 
 
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