Gonçalo Santos, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, é um investigador em destaque na mais recente edição da revista oficial da Society for the History of Technology, nos Estados Unidos da América, pois é um dos coordenadores da secção especial da Technology and Culture, centrada na história da medicalização do nascimento na China e no Japão, nos séculos XX e XXI.
Também autor de dois artigos, um introdutório e outro sobre a China, o investigador da Universidade de Coimbra contribuiu assim para a análise das tensões sociais e morais causadas pelo processo de medicalização do nascimento nestes dois países do leste asiático. A secção inclui artigos de antropólogos e historiadores e é uma contribuição interdisciplinar importante para a análise crítica de processos de medicalização do nascimento no leste da Ásia e no mundo.
Tanto no Japão como na China de hoje, a assistência ao nascimento é largamente dominada por valores tecnocráticos, especialmente na China, onde a taxa de cesarianas está entre as mais altas do mundo, "bem acima dos 10-15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Em ambas as sociedades, a medicalização do nascimento gerou um sistema de valores tecnocráticos muito poderoso que não foi contestado como na Europa e nos Estados Unidos por movimentos sociais radicais questionando a lógica da medicalização e defendendo um retorno a práticas mais "naturais" e sem qualquer tipo de intervenção médica", salienta Gonçalo Santos.
Esta publicação foi apoiada pelo Research Grants Council of Hong Kong, pela Universidade de Hong Kong e pelo Smith College (East Asian Studies Fund) e é uma iniciativa de um grupo de pesquisa internacional sobre tecnologias de trabalho reprodutivo no leste da Ásia, liderado por Gonçalo Santos, por Jacob Eyferth (University of Chicago) e por Suzanne Gottschang (Smith College). Para realizar este projeto, o docente da FCTUC, que atualmente coordena a rede internacional Sci-Tech Asia (https://www.scitechasia.org), beneficiou de uma Visiting Scholar Fellowship atribuída pelo Max Planck Institute for the History of Science, em Berlin, em 2018/2019.