Mamíferos em Portugal
Évora participa no livro vermelho
Vários investigadores da Universidade de Évora (UÉ)
estão a participar na elaboração do Livro Vermelho dos Mamíferos de
Portugal Continental", o qual pretende melhorar o conhecimento
disponível sobre as espécies de mamíferos que habitam neste
território.
A equipa de trabalho é composta por dezenas de cientistas,
profissionais e de voluntários, confirmou a Universidade de Évora
ao Ensino Magazine. De acordo com a instituição, a última avaliação
sobre os estatutos de ameaça dos mamíferos de Portugal Continental
data de 2005, ano em que foi publicado o Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal. Das 74 espécies de mamíferos do continente
avaliadas, 24% estão ameaçadas.
"O novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental tem
como principal objetivo avaliar o risco de extinção destas e de
outras espécies analisadas em 2005, mas também de outros mamíferos
que são novas ocorrências em Portugal Continental, recorrendo aos
critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN). O projeto vai também contribuir para a avaliação do estado
de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats
realizada a cada seis anos", esclarece a UÉ.
De acordo com a Universidade, "o cumprimento deste objetivo irá
permitir melhorar o conhecimento sobre o estado de conservação e
estatutos de ameaça das espécies de mamíferos terrestres e marinhos
presentes em território continental", considera Maria da Luz
Mathias, coordenadora geral do projeto".
A área de intervenção deste projeto abrange todo o território de
Portugal Continental, em especial a Rede Nacional de Áreas
Protegidas e as Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura
2000.
Na mesma nota é referido que o projeto prevê a criação de "uma base
de dados para reunir a informação disponível sobre os mamíferos de
Portugal Continental, que irá incluir por exemplo aspetos da
ecologia, distribuição e abundância destas espécies. Este exercício
vem colmatar as lacunas de conhecimento e decorrentes da falta de
monitorizações sistemáticas a nível nacional".
Algumas das espécies mais ameaçadas em território português são a
cabra-montês (Capra pyrenaica), o lince-ibérico (Lynx pardinus), o
morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale),
classificados como Criticamente em Perigo de extinção. Como
espécies Em Perigo foram nessa altura identificados o lobo-ibérico
(Canis lupus), o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii) e a
baleia-comum (Balaenoptera physalus).
Também a avaliação de 2019, realizada pelo ICNF, com contributos de
peritos, para as espécies protegidas no âmbito da Diretiva Habitats
identificaram 9 espécies com estado de conservação desfavorável, e
33 espécies com estado desconhecido, e voltou a confirmar situações
desfavoráveis para espécies como o toirão, gato-bravo, rato de
Cabrera e toupeira-de-água.
"Pensa-se que atualmente o risco de extinção de algumas espécies de
mamíferos pode ter-se acentuado nos últimos 15 anos. Mas também há
boas notícias a relatar para este grupo, pois desde 2005, foram
registadas 12 espécies novas com ocorrência em Portugal
Continental: o rato-das-neves (Chionomys nivalis), o
morcego-hortelão-claro (Eptesicus isabellinus), o
morcego-de-bigodes de Alcathoe (Myotis alcathoe), o
morcego-de-franja-críptico (Myotis crypticus), a baleia de Bryde
(Balaenoptera edeni), o golfinho de Fraser (Lagenodelphis hosei), o
golfinho-de-laterais-brancas do Atlântico (Lagenorhynchus acutus),
o golfinho-de-bico-branco (Lagenorhynchus albirostris), o
golfinho-malhado do Atlântico (Stenella frontalis), o
cachalote-anão (Kogia sima), a baleia-de-bico de Sowerby
(Mesoplodon bidens) e a baleia-de-bico de True (Mesoplodon mirus)",
explica a mesma nota que nos foi enviada.