Clarificar mitos sobre o mar profundo
Investigadora da UAlg ajuda
Nélia Mestre, do Centro de Investigação Marinha e
Ambiental, integra uma equipa de investigadores que acaba de
publicar um artigo, na revista Trends in Ecology and Evolution,
sobre a existência de conceitos errados na literatura sobre o mar
profundo, e ajuda a clarificar qual o real conhecimento científico
existente.
As conclusões do artigo revelam que se antevê que " a exploração de
minerais no mar profundo implica a escavação e/ou remoção e
transporte de minério que se encontra a grandes profundidades, por
exemplo entre quatro a cinco quilómetros, até aos navios
industriais que processam o minério à superfície e voltam a
libertar as águas resultantes desse processamento e lavagem para o
mar profundo".
Para Nélia Mestre, "um dos conceitos utilizados incorretamente é a
ideia de que a escala do impacto em habitats de profundidade será
muito inferior à escala das minas existentes em terra, e por essa
razão, a área afetada é considerada irrelevante". No entanto,
explica, "isto não é correto, porque embora a extração mineral
possa ser localizada numa área relativamente pequena, os impactos
ecotoxicológicos que venham a ser criados pelo processo de extração
mineira podem alastrar dezenas a centenas de quilómetros na coluna
de água".
Este artigo conclui que "as lacunas no conhecimento científico são
ainda demasiadas para se poder estimar os reais impactos da
mineração no mar profundo". Por isso, para a investigadora "é
importante alertar para a existência destes conceitos errados e
clarificá-los, para que os decisores políticos possam tomar
decisões cientificamente bem fundamentadas ou para que pelo menos
saibam quais as lacunas existentes". Na sua opinião, "uma boa
avaliação dos impactos ambientais pode permitir que estes sejam
minimizados, garantindo uma melhor qualidade do meio ambiente".