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Barro Preto de Bisalhães
Tese aponta falta de estratégia

Barro_Preto_de_Bisalhaes_creditos_Dourotur.jpgApesar de o Barro Preto de Bisalhães ser património cultural imaterial da UNESCO, desde 2016, "continuam a não existir estratégias adequadas para a promoção e consumo da olaria adaptadas à atividade turística". A conclusão é de Edgar Bernardo, bolseiro do Projeto Dourotur, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que acabe de defender a tese 'Patrimonialização e Turismo Cultural no Douro: o caso do barro de Bisalhães', na Universidade de Aveiro.
O investigador discute as relações, dissonâncias e a importância da relação dos processos de patrimonialização e de turistificação da cultura com foco na olaria negra de Bisalhães, como uma oportunidade de refletir sobre processos culturais, políticos e económicos, nacionais e internacionais, com diferentes impactos e importância para os atores envolvidos.
"As instituições públicas continuam a contribuir para a construção de um discurso patrimonial autorizado, e acabam por, não só impedir inovações e reconstruções da cultura local, aprisionando-a, como também, limitam os proveitos económicos dos oleiros face a essa patrimonialização ao consumir peças às novas empresas, para uso como lembranças institucionais, e não aos artesãos", afirma.
Também os artesãos (oleiros) procuram "disputar pelo poder discursivo oficial fechando, sobre si mesmos, toda a legitimidade sobre o que era autêntico na interpretação, narração e produção da olaria e veem a patrimonialização como um processo de e para políticos ao qual estão alheios e não beneficiam diretamente", acrescenta.
O Barro Preto de Bisalhães é atualmente produzido por quatro Artesãos de Vila Real e pelas empresas Bisarro Ceramics e Soenga, com produção artesanal, industrial/artesanal e industrial, respetivamente.
Por essa razão, no que respeita à produção e comercialização dos produtos de barro preto, "existe a perceção entre os oleiros e entre alguns agentes locais, de que a patrimonialização está a ser capitalizada maioritariamente por novos empresários e produtores que recorrem à marca da UNESCO para vender produtos não tradicionais ou autênticos prejudicando os oleiros e a própria arte", refere Edgar Bernardo.
O trabalho de investigação foi orientado por Elisabeth Kastenholz, professora Associada da Universidade de Aveiro, com coorientação de Xerardo Pereiro, professor Auxiliar UTAD, e está integrada no Projeto Dourotur. Esta é a segunda tese de doutoramento de Edgar Bernardo que é também docente da licenciatura em Turismo na UTAD.

 
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