ruivo@rvj.pt

mutola.jpgMoçambiqueEspaço Mutola na UEM

A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) vai criar um espaço na Biblioteca Central Brazão Mazula denominado Maria de Lurdes Mutola como forma de eternizar a vida e obra da campeã olímpica dos 800 metros.

 
lurio2.jpg
Universidade de Lúrio
A primeira sessão ordinária do Conselho Universitário (CUN) de 2017 da Universidade de Lúrio decorreu, no início de agosto, com uma agenda focada em vários pontos fundamentais para o funcionamento e crescimento da Universidade.
 
escola.jpg
Moçambique
Docentes da EPM-CELP dinamizaram no Parque Nacional da Gorongosa (PNG) iniciativas de estímulo à leitura e de educação ambiental em favor da população juvenil local.
 
lurio.jpg
Universidade
A partir do seu exemplo pessoal, Jorge Rio Cardoso dá conselhos para combater o insucesso escolar e defende que o propósito da escola deve ser formar os  jovens para fazer escolhas e tomar decisões. Os seus livros são um verdadeiro sucesso junto da comunidade escolar. Qual é a explicação? No meu livro, dirigido em particular a estudantes do 2.º e 3.º ciclo e secundário, falo da parte técnica do aluno (que inclui o seu comportamento e atitude, como tira apontamentos, etc.) e depois há o lado motivacional. Eu acredito que ter más notas não é uma fatalidade. Isto é o princípio base de tudo. Outro aspeto que gosto de enfatizar, é o facto de eu também ter sido mau aluno e consegui alterar essa situação.  O meu ponto de viragem foi quando comecei a fazer atletismo. Da mesma forma que também tive vários insucessos editoriais e os dois últimos livros foram grandes êxitos. Resistir à adversidade e ultrapassar os maus momentos é fundamental e dá grande satisfação pessoal. A predisposição do estudante para a escola é importante? Uma criança que esteja triste nunca vai aprender em condições e jamais vai acreditar que é possível fazer melhor. Só se investe no estudo se os alunos pensarem que do seu esforço vai resultar algo. O livro tem sido um sucesso, mas creio que quem o compra são os pais e os avós e os mais jovens podem ser alertados para uma ideia ou uma frase chamativa. O título é bastante apelativo, "Este ano vais ser o melhor aluno! Bora lá?", apesar de eu achar que ficaria bem melhor sem o "o", porque a escola não pode ser entendida como uma corrida desenfreada de cavalos. Mas acabou por prevalecer a decisão do editor por motivos de marketing. O que é para si o protótipo do bom aluno em termos de desempenho? Para mim o bom aluno não pode ser apenas aquele que tira notas excecionais. As empresas hoje em dia apreciam candidatos capazes de criar empatia com os outros, que respeitem o próximo, saibam trabalhar em grupo, etc. São competências essenciais e que para mim fazem o bom aluno. Como motivar as crianças para a escola quando o contexto social e familiar, bem como a tentação das tecnologias, acabam por desfocá-las do objeto? Os jovens e as crianças são hiper-estimulados e com tantas tentações como os telemóveis ou as redes sociais, o estudo fica para segundo plano por não ser muito chamativo. Por  isso, defendo que o jovem para aprender tem de ter uma vida relativamente equilibrada entre o estudo e outras atividades. O adquirir hábitos de trabalho é fundamental.  O outro aspeto é estar inserido, paralelamente ao estudo, numa atividade extra-curricular que gostem muito. Eu dou sempre o meu caso, em que tudo mudou na escola a partir do momento em que comecei a fazer desporto. Deu-me uma concentração competitiva que depois passei a utilizar nos estudos. Eu para merecer o atletismo precisava de ter notas mínimas e isso fez-me melhorar o meu rendimento na escola. Quem diz o atletismo, diz outro desporto ou atividade, seja a dança, o teatro, a música, etc. A escola continua a ser demasiado teórica e fornece pouca bagagem para o quotidiano? Sim. Há três modelos de ensino que devemos considerar: Durante muito tempo o elo privilegiado era entre o conhecimento e o professor. Foi o período do método expositivo, em que o aluno era o elemento passivo. Num segundo modelo, o elo privilegiado existia entre o aluno e o conhecimento, enquanto o professor tinha um papel mais subalterno. Basicamente foi o que se procurou fazer com Bolonha. O aluno chega à aula já com conhecimentos da matéria e a aula serve para aprofundar e debater os pontos mais sensíveis.  Finalmente, num terceiro modelo o elo privilegiado existe entre o professor e o aluno e o conhecimento fica para mais tarde. É neste método em que se podem treinar atitudes, comportamentos, trabalhos em grupo, etc. É uma lógica de projeto, que se utiliza muito na Finlândia, em que as disciplinas já não estão tão compartimentadas e em que se põe verdadeiramente a mão na massa. No fundo, ajuda a tomar decisões num contexto de incerteza. Por isso, é que o primeiro modelo que eu elenquei se chama ensinar e este último, noutra dimensão, é denominado formar. A escola é competitiva e impiedosa como a sociedade? Eu sei o que é que se sofre de estigmatização quando se é mau aluno. Mesmo que se diga o contrário, o foco dos professores é nos bons alunos. Em Portugal, os alunos têm muito medo de errar e a escola é cruel e discriminatória para os que falham. Infelizmente, não há muito a pedagogia do erro e considera-se socialmente inteligente uma pessoa que não decide e não se define. O erro não deve ser escondido. Deve ser identificado o motivo, o autor, para no futuro não repetir. Por isso, entendo que a escola deve, desde muito cedo, estimular os alunos para o empreendedorismo, para que eles se habituem a raciocinar e a decidir. Os TPC têm gerado grande polémica. Na sua opinião, são necessários? Não é possível dar uma resposta de sim ou não. Digo que brincar e ter tempo livre é fundamental, mas também deve haver espaço para os trabalhos de casa e a sua realização ajuda a que os jovens giram o seu tempo. E é fundamental, ao nível da escola, existir uma coordenação entre os vários professores para não sobrecarregar os alunos. Para além disso, os TPC devem ter um propósito e não serem passados apenas para "encher". É muito solicitado para palestras em Portugal continental, nas ilhas e até junto das comunidades portuguesas no estrangeiro. O que é que procura transmitir nesse contacto de proximidade? Procuro recorrer a um tom descontraído e informal para chegar aos jovens, que são a maior parte dos meus ouvintes. As minhas palestras são basicamente motivacionais e procuro educar para os valores. Apresento algumas das 16 técnicas de organização de tempo, planeamento de tarefas e outras que vão para além do próprio estudo e que são mencionadas no livro. Falo sobre técnicas de relaxamento para combater uma situação de ansiedade antes de um exame e que acaba por bloquear o conhecimento que está armazenado no cérebro. O que é que lhe perguntam mais? Bom, adoram ouvir confessar que fui mau aluno, chumbei no 4.º e 7.º ano, e que adquiri competências com o atletismo, a partir dos 13 anos. Mas também ressalvo que não se passa num ápice de mau a bom aluno. Estou convicto que se o método de estudo for o adequado os resultados vão aparecer. E deixo uma palavra para os pais: incentivem os seus filhos, mesmo que a nota não surja imediatamente. Esta cidadania familiar é determinante para o sucesso escolar. Uma questão de âmbito sistémico. Mesmo seguindo o seu método é possível vingar com a instabilidade e o experimentalismo que existe há décadas na educação? Isso é verdade, as coisas podem não estar bem, o contexto pode não ser perfeito, mas penso que os agentes educativos não se podem resguardar nessas justificações. Penso que todos os intervenientes devem procurar contribuir para um modelo de ensino melhor e que responda mais eficientemente aos desafios e necessidades da sociedade. Pensar global e agir localmente, deve ser a receita. Creio que é crucial caminharmos para o modelo de formar e desenvolver competências. Já tem ideias para o próximo livro? Tinha um grande desejo de escrever sobre a escola do futuro. Aliás, o atual ministro tem dado passos no sentido de criar condições para que se treine mais as competências emocionais, relacionais, o viver uns com os outros, em vez do mero debitar de conhecimento que não leva a aprendizagens muito profundas. Formar o jovem do amanhã para as escolhas, as decisões e para ser uma melhor pessoa é um objetivo essencial na escola do presente e na do futuro. CARA DA NOTÍCIA "Este ano vais ser o melhor aluno! Bora lá?" é o livro sobre as técnicas de ensino que Jorge Rio Cardoso aconselha aos alunos e que se encontra nos "tops" das livrarias de referência e nas grandes superfícies. Anteriormente, tinha escrito "O método ser bom aluno - Bora lá?", que vendeu mais de 20 mil exemplares. Este professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa é ainda economista de profissão e técnico superior do Banco de Portugal. É doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro. Desde 2008, tem realizado centenas de palestras junto de alunos, docentes e encarregados de educação, com vista ao combate do insucesso escolar. É membro do conselho editorial do "Jornal do Comércio" e integra os órgãos sociais do Instituto Benjamim Franklin.
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO