Diogo Piçarra
«Quero mostrar uma nova faceta»
Acaba de lançar
o álbum «Espelho». Foi o concretizar de um sonho?
Confesso que fiquei um pouco
emocionado, porque desde que comecei a aprender os primeiros
acordes que sonhava em criar um disco. Acho que é o desejo de
qualquer artista, deixar neste mundo uma marca nossa. A edição
deste álbum é sinal que o trabalho compensou e é o culminar do
turbilhão de emoções, de ansiedades e de receios que vivi.
Quem ainda não ouviu o
álbum, o que pode encontrar nesta estreia
discográfica?
É um disco maioritariamente de
amor. Falo muito da procura da outra metade, daquela pessoa que nos
completa. No entanto, tentei dar ao disco mais temáticas, como as
ansiedades e alguns receios que todos nós vivemos no nosso
dia-a-dia e mesmo na nossa vida profissional. Por isso, acho que o
álbum é completo. Não tem apenas músicas românticas e baladas, como
é provável que muitas pessoas esperem, mas tento também explorar
muito das minhas influências eletrónicas, pop, folk...
O disco é constituído por
11 canções, onde o Diogo é compositor, autor e
multi-instrumentista. Para a produção do registo foi convidado Fred
Ferreira, nome bem conhecido do panorama musical português. Foi um
convite cirúrgico?
Sim, a escolha do Fred Ferreira foi
crucial. Neste três últimos anos, tentei encontrar o melhor caminho
para o disco, no entanto, a escolha dos produtores nunca foi a mais
satisfatória, porque nem eu nem a editora estávamos satisfeitos com
o resultado final. O aparecimento do Fred foi como que a salvação
deste disco, numa altura em que eu já estava pouco esperançoso que
fosse correr bem. A partir do momento em que ouviu as músicas, o
que fez foi simplificar a produção e colocar mais o foco na voz.
Acho que foi a escolha correta.
O videoclipe do
primeiro avanço do disco, «Tu e Eu», já ultrapassou 1 milhão de
visualizações no YouTube. É um bom arranque.
Tem sido ótimo. Nem tenho palavras
para descrever todos os comentários, todas a partilhas e todas as
críticas positivas que têm sido feitas ao disco. Acho que nada
previa que isto acontecesse, ainda para mais tendo demorado tanto
tempo a lançar o álbum.
No YouTube estão
disponíveis várias covers da autoria do Diogo. É uma aventura
interessante dar o seu cunho pessoal a temas
conhecidos?
Claro. A piada é alterar os
originais, de maneira a que se crie algo diferente. Tento escolher
músicas conhecidas, sobretudo mais viradas para a eletrónica, e
torná-las mais analógicas. Acho que o resultado tem sido do agrado
das pessoas. Tenho uma estratégia: cada vez que conheço uma música
e quero fazer uma versão, ouço-a poucas vezes para dar um cunho
próprio. Posso mudar os acordes do original, a progressão, a
estrutura… é tornar a música minha, mas dando o devido valor e
crédito à pessoa que compôs a canção.
Em 2012 o Diogo sagrou-se
vencedor do programa Ídolos. Foi a abertura de um mundo de novas
oportunidades e experiências?
Foi sem duvida a janela aberta de
que eu estava a precisar. Já tinha planeado começar a lançar
originais meus na Internet, no entanto com o Ídolos esse plano teve
de ser adiado e ainda bem que assim foi. Sem o Ídolos, acho que não
conseguiria metade do que já consegui, tanto em termos de
visibilidade e exposição, como no número de pessoas que me seguem,
que é surpreendente. Passados três anos do programa, sem ter um
disco cá fora, conto com quase 100 mil pessoas a seguirem-me no
Facebook. Não tenho palavras para explicar todo este apoio. Uma das
razões que encontro é a participação no Ídolos e, claro, todo o
trabalho que tenho desenvolvido desde aí.
Essa vitória no Ídolos
também abriu as portas de Londres. Gostou da experiência na cidade
do Big Ben?
Digo sempre que foi a experiência
da minha vida. Mudou a minha pessoa para sempre. Para além de ter
ido viver para a minha cidade de sonho, fui estudar música, que era
algo que eu sempre quis estudar. Tive a oportunidade de estudar
canto, mas também piano, guitarra, coro e teoria musical. Foi
juntar o útil ao agradável, numa cidade que respira música.
Aproveitei ao máximo a estadia, absorvi ao máximo a cidade e a
escola. Acho que o disco que as pessoas podem ouvir hoje é
consequência dessa experiência.
Agora é tempo para uma
temporada de concertos, integrado num quarteto que promete fazer
sucesso.
O objetivo é mostrar uma nova
faceta minha, que talvez as pessoas não conheçam. Depois do Ídolos
sempre fui uma pessoa que subia ao palco sozinha, apenas com uma
guitarra acústica e um piano. Com este disco pretendo mostrar outro
lado, um Diogo mais artista de palco, com um concerto muito mais
vivo e muito mais dinâmico. Espero que o espetáculo seja do agrado
das pessoas.
O disco vai ser editado em
vários mercados. Poderão surgir oportunidades para mostrar as
canções noutros pontos do globo?
Gostava que sim. Espero tocar para
comunidades portuguesas espalhadas pela Europa e pelo mundo. Neste
álbum não tenho a ambição de tocar para estrangeiros, porque é só
de músicas em português. Mas espero vir a compor músicas em inglês
e levar as minhas palavras mais além.
Entrevista de Hugo Rafael (Rádio Condestável) com texto de Tiago Carvalho
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