ZÉ PEDRO, O HOMEM DO LEME
Era o 'Homem do Leme' nos destinos dos Xutos
& Pontapés. A partida de Zé Pedro, uma das figuras mais
icónicas do rock português, comoveu todo um país.
As homenagens sucedem-se. Da banda, dos amigos, dos fãs. Das mais
altas figuras do Estado e do Governo. As saudades que o guitarrista
deixa a gerações e gerações de portugueses ficaram espelhadas na
despedida emocionada.
O entusiasmo, o carisma e a simpatia, o sorriso de miúdo que
mantinha aos 61 anos, são lembrados com ternura por quem o
conheceu. Era um "músico de afetos", um dos "melhores de nós",
tinha "uma alegria contagiante", ouve-se e lê-se na comunicação
social.
O Presidente da República já deu conta dos planos de organizar uma
grande homenagem, em 2018, na qual estejam presentes os ídolos do
guitarrista. "Há ideias para, na primavera ou verão, fazer uma
homenagem em grande como ele gostava que fosse, com alegria, com
muita gente, de todas as gerações interpretando o que ele deu aos
portugueses: uma vida inteira", revelou Marcelo Rebelo de
Sousa.
É uma homenagem merecida ao fundador da maior banda rock
portuguesa, os Xutos & Pontapés.
Começa a banda em 1978, aos 22 anos, numa altura em que o país
despertava para o movimento punk. Zé Pedro, guitarrista, coloca um
anúncio no jornal: "Baterista e baixista precisam-se para grupo
punk". Recebe dezenas de candidaturas. Kalú, baterista, e Tim são
aceites e nasce aquele que viria a ser o grupo de rock mais
duradouro e popular da história de Portugal.
Desde aí, a música que Zé Pedro nos deu tornou-se a banda sonora de
várias gerações de portugueses. O Ministro da Cultura, Luís Filipe
Castro Mendes, traça o percurso do guitarrista: "Desde os ensaios
na garagem de casa do seu avô, ainda adolescente, até aos dias de
hoje, em grandes palcos portugueses e estrangeiros, Zé Pedro teve
uma vida intensa e uma brilhante carreira ao longo de quatro
décadas".
Para além dos Xutos & Pontapés, fez ainda parte dos Ladrões do
Tempo e os Maduros. Foi DJ e participou em vários programas de
rádio. Em tudo, reuniu a admiração generalizada do meio
musical.
A 30 de novembro o descanso chegou para Zé Pedro. Encontrava-se
doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma
discreta pela banda, tendo só sido assumida publicamente em
novembro último, a propósito do concerto de fim de digressão dos
Xutos & Pontapés, no Coliseu de Lisboa. Altura em que anunciou
que ia iniciar um novo tratamento.
Zé Pedro deixa-nos como um dos músicos mais carismáticos e
acarinhados do país.
Obrigado, Zé Pedro.