Entrevista
Na pista do DJ Overule
O DJ Overule aposta
no single Mr Superstar. Feito com a colaboração dos
músicos Virgul e Atiba, Mr Superstar é o forte arranque para
uma série de novos temas que se prepara para lançar em 2014.
Como é
que surgiu a colaboração com os músicos Virgul e Atiba para o
single Mr Superstar?
A colaboração surgiu porque o
Virgul e o Atiba são duas pessoas que complementam a música e a
minha produção. Já os conheço há alguns anos. O Virgul é um
companheiro de estrada de longa data. Assim que terminei a parte
instrumental do single mostrei-lhe e ele gostou imenso da música e
quis participar no tema. O Atiba tem ajudado o Virgul a compor
músicas, até porque participou num dos últimos álbuns dos Da Weasel
e tem tido um contacto regular com o Virgul, que sugeriu também a
sua participação. O que para mim foi uma mais valia. É um artista
com algum nome lá fora, que tem vindo a dar cartas a nível
internacional. De certa forma, também trouxe um pouco da sua magia
para este tema, o que é ótimo.
Um single
que junta três elementos, de três nacionalidades diferentes, que
também vai dar origem a um tema com características muito
interessantes…
É uma mistura engraçada que no
fundo acaba por ter três culturas diferentes. A parte instrumental
do single talvez fuja um pouco àquilo que as pessoas associam ao
meu trabalho e estilo predominante, que é o Hip Hop. Mas também tem
uma certa ligação a este género. Faz um pouco a história e o
nascimento do Hip Hop e das bases do funkie, do disco, do soul, que
também tem ligação com os meus trabalhos anteriores.
Na
componente de produção de 2014 vai ter mais surpresas, vão surgir
mais temas ao longo deste ano?
Sim, a ideia inicial é essa. O
meu regresso ao estúdio e à produção foi fazer um projeto de
lançamentos de singles ao longo de 2014 e estamos a trabalhar
nisso. Alguns dos temas já estão praticamente finalizados, estamos
só a aguardar a parte final de mistura e masterização. Sairão
brevemente e as pessoas vão poder ouvir. Espero que gostem.
No que
toca ainda ao Mr. Superstar, é uma música que está a ganhar airplay
nas rádios e nas redes sociais. Que tipo de comentários é que tem
colhido?
De uma maneira geral, o feedback
tem sido bom, tanto nas redes sociais como nas rádios. Temos tido
aceitação, principalmente a nível de rádio. As críticas têm sido
positivas tirando um ou outro apontamento de algumas pessoas que
são um bocadinho mais céticas em relação ao facto da música ser
escrita em inglês. Mas acho que isso não é nenhum entrave. É
somente uma opção de quem escreveu a letra. As pessoas têm de
dar valor à música que é feita por cá, independentemente dela ser
escrita em português, inglês ou noutra língua qualquer. Acaba por
ser igualmente um produto nacional e isso é que conta.
Para os
próximos singles poderá surgir algum tema na língua de
Camões?
Sim, estou a contar com isso. Até
porque os artistas que convidei para darem voz a esses temas
escrevem mais em português do que inglês.
Em termos
de colaborações, tem recebido muitos convites para remisturar
temas?
Não tenho recebido muitos. Não é nisso
que eu foco o meu trabalho. Tenho feito algumas por convite dos
próprios artistas que produziram os originais, outras por minha
iniciativa. Dou uma visão diferente das músicas. A última que fiz
foi uma versão do Richie Campbell, porque se enquadrava melhor nos
meus sets do que o original. Mas tem sido uma faceta do meu
trabalho à qual não tenho dedicado muito tempo e que faço mais por
prazer do que propriamente estratégia.
Ao nível
da produção nacional ou mesmo internacional há algum tema em que
gostava de pegar e dar-lhe outra roupagem?
Há vários temas que na minha
perspetiva de produtor poderiam ter uma abordagem diferente. Um dia
mais tarde posso pegar neles e até não fazer nada com eles. Depende
do meu feeling e de saber que aquele tema vai fazer uma diferença
nos meus sets. Quando faço remixes de um tema é para os poder
incluir nos meus sets ou para outros DJs o poderem fazer também,
para resultar melhor a nível de pista e de clubes.
E há
sempre a componente de ter uma versão exclusiva para utilizar nos
sets…
Isso também é importante. Darmos
de certa forma o nosso cunho, enquanto Djs. Obviamente, os remixes
acabam por ser exclusivos que temos de determinadas músicas que a
maioria das pessoas conhece e vai ouvir de maneira diferente.
Nos
próximos tempos há mais projetos no horizonte, mais colaborações ou
surpresas para os seguidores?
Sim, temos mais singles a sair. O
próximo tema é mais direcionado para as pistas. Tem mais a ver com
o estilo que as pessoas me conhecem que é o hip hop, R&B,
música urbana e que faz uma certa ponte com este tema porque é de
certa forma uma evolução de música para pista. Ainda não posso
revelar quem será o artista convidado para esse tema, mas haverá um
artista português de renome e tenho outros projetos previstos para
2014, fora de lançamentos. Tenho um projeto ao vivo com um
baterista. Estamos a ensaiar e a construir o set. É um projeto
direcionado para grandes palcos e será uma espécie de batalha
confronto entre o Dj e o baterista. É um projeto engraçado que me
está a dar muito entusiasmo e que estou a gostar mesmo de
desenvolver. Vamos aguardar para quando estivermos na estrada, para
sentir e o feed-back do público em geral. Pelo menos da parte os
promotores tem sido boa a receção. Um espetáculo diferente para
palcos maiores que aposta forte na componente visual, jogo de
luzes, iluminação e vídeo. Estamos muito empenhados nisso.
Essencialmente são esses os projetos, e dar continuidade àquilo que
tenho vindo a fazer: rádio shows, podcast mensal e
continuar a manter a regularidade de agenda ao vivo. São as nossas
prioridades para 2014.
No que
toca a colaborações com artistas internacionais podem surgir
surpresas, uma vez que é certo que elas já aconteceram no
passado?
Não posso adiantar nada, porque
não tenho nenhuma confirmação nesse sentido. Mas tenho isso em
vista e espero continuar a trabalhar com artistas internacionais.
Talvez em temas ou projetos mais direcionados para o mercado
internacional. Estes últimos singles são mais vocacionados para o
mercado português. Mas qualquer artista tem sempre a ambição de
chegar aos mercados internacionais, evoluir e chegar cada vez mais
longe.
Na dance
music e nos vários sub-estilos vive-se um bom momento no que toca à
produção?
Acho que sim. As tecnologias
facilitam a aprendizagem e a construção musical também faz com que
isso aconteça. Os miúdos que começam a produzir têm a facilidade de
ter as ferramentas necessárias para o fazerem facilmente. A
aprendizagem também se torna mais rápida. Isso contribui para que
atualmente haja muito mais gente a lançar músicas para o
mercado.
A técnica
apurada de trabalhar com os discos é fruto de muitos anos de
experiência e de um ouvido certinho?
Antes de qualquer projeto, seja
como Dj ou produtor, tento reunir o máximo de aprendizagem,
conceitos e técnicas. Antes de lançar o que quer que seja para o
mercado tento ficar o mais profissional possível e isso também se
reflete nos meus Djs Sets. Antes de começar a fazer atuações em
clubes e em discotecas estive cerca de dois anos em casa a treinar,
a aprender técnicas de scratch, que são técnicas essencialmente
associadas ao hip hop e técnicas de mistura mais complexas. O meu
objetivo era ser um Dj diferente do que se costuma ver e, de certa
forma, marcar a diferença por aí.
Entrevista: Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Eugénia Sousa
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