As vidas dos Anaquim
Vêm da cidade de Coimbra e chamam-se Anaquim. uma homenagem ao
personagem Anakin Skywalker, da saga cinematográfica Guerra das
Estrelas. A banda estreou-se no disco em 2010, com As Vidas dos
Outros, um álbum que reúne dezasseis temas que falam da sociedade
portuguesa dos nossos dias. Sem descartar uma carreira
internacional, os Anaquim querem ser vistos como uma banda de som
versátil, capaz de «fundir a música portuguesa com outro tipo de
influências».
"As Vidas dos Outros" é o
primeiro álbum da banda. Como é que definem este
trabalho?
É um trabalho que pretende ser ambicioso mas que não ambiciona ser
pretensioso. Reúne 16 temas (19 na reedição) que nos falam da
sociedade contemporânea portuguesa, vista pelo prisma da personagem
que criámos, polvilhados por um cenário sonoro único para cada
tema, que vai desde influências de música folk europeia até aos
tradicionalismos americanos.
A participação de Ana Bacalhau,
a vocalista dos Deolinda, no tema O Meu Coração foi um contributo
importante para a divulgação deste trabalho
discográfico?
Quando a colaboração surgiu nas nossas cabeças não foi pensada
em termos de divulgação mas sim numa maneira de acrescentar mais
uma peça, diferente, ao puzzle que já era o nosso disco. Claro está
que também escolhemos trabalhar com quem respeitamos e admiramos.
Tudo correu maravilhosamente, pessoal e profissionalmente, tanto
que o tema já foi apresentado em dueto em vários locais.
Como é o que público tem
recebido os Anaquim?
De braços abertos e erguidos. Temos tido a felicidade de sermos
bem recebidos, e fazemos por devolver essa recepção. No fim dos
espectáculos, em alguns momentos de convívio têm-nos dado os
parabéns não só pela música, mas também pelas letras e mensagens, o
que nos mostra que as pessoas, mais que apenas dançar e ouvir a
música, conseguem ainda extrair algum significado destes momentos
de lazer. Alegra-nos imenso ver essa ponte a funcionar.
Com o aparecimento de tantas bandas musicais de grande
potencial pode-se dizer que, ao contrário da economia, a música em
Portugal está atravessar tempos de glória?
A música em Portugal estará a atravessar momentos de glória
quando houver um circuito habitual de locais de concerto, com
público receptivo, e que permitam aos músicos não ter que acumular
mais profissões. De momento está-se a atravessar um momento de
reconhecimento, isso sim, até porque talento não falta, mas ainda
há muito caminho a percorrer
O nome dos Anaquim já faz parte
do cartaz do Festival Marés Vivas 2011. A agenda dos Anaquim para
este Verão está muito preenchida?
Espero que ainda restem alguns dias para a praia! Temos alguns
concertos marcados, sim, alguns em palcos maiores e outros menores,
mas que a nós nos dão igual gozo e que nos merecem o mesmo
empenho.
Qual é o contributo que os
Anaquim querem dar à música portuguesa?
Essa é uma pergunta difícil porque as carreiras e contribuições
vão-se construindo e evoluindo, mas penso que a longo prazo
gostaríamos de ser vistos como uma banda de som versátil, que tenta
mostrar que as temáticas e as sonoridades se podem alongar para lá
do que habitualmente se ouve no rádio ou na TV, e que tentou fundir
a música portuguesa com outro tipo de influências.
Uma carreira internacional
está nos horizontes da banda?
Porque não? Já tivemos uma boa experiência na Hungria, para um
público que pouco inglês falava, e ficou a ideia que a nossa música
transpõe essa barreira da linguagem.
Eugénia Sousa/Hugo Rafael