Entrevista

Golden Days de Mónica Ferraz

MF-08.jpgDepois do projecto Mesa está a 100% na sua carreira a solo. É um novo capítulo onde está a apostar tudo por tudo?

Exactamente. É um start e nunca stop. Agora estou a dedicar-me completamente à minha carreira a solo. É um início e pretendo continuar durante muitos anos. É aquilo que eu mais gosto de fazer na vida. É a minha vida.

O seu disco de estreia a solo foi editado em 2010 e continua muito actual. Está satisfeita com o feed-back destes dois anos?

É muito positivo. Demorou algum tempo até as pessoas perceberem que era uma portuguesa e quem era que cantava, nomeadamente os meus fãs. Não sabiam que era eu que cantava o Golden Days e o Go Go Go, pensavam que era uma americana. Demorou algum tempo até as pessoas perceberem, por isso, esta segunda edição, do meu trabalho.

O álbum tem um tema fortíssimo que é Golden Days uma canção impressionante, já com muita longevidade radiofónica. Foi uma surpresa o airplay obtido com esse single?

É sempre uma surpresa quando lançamos um primeiro disco e termos a aceitação que está a ter até agora. Uma boa aceitação pelo público e pela rádios. Todas as rádios me estão a apoiar muito. É muito bom, dá-nos um incentivo ainda maior. É o primeiro trabalho, há ali uma fragilidade quando o lançamos. Apesar de já andar aí há muitos anos é o meu primeiro trabalho a solo. O Golden Days foi um dos primeiros temas que escrevi e compus ao piano. Mas, esta roupagem que levei para o disco é completamente diferente, com metais e aquela parafrenália toda de instrumentos. Quando estava a compor já ouvia aqueles metais todos, mas, de facto, compus aquilo ao piano e era uma música um bocadinho mais crua. Quando comecei a perceber que estava a ter este sucesso todo, adorei, com é evidente. Dá-me mais força para continuar e fazer aquilo que gosto, mais uma vez.Escrever aquilo que sinto. Neste caso, queria fazer um disco feminino, que transmitisse tudo aquilo que sou. Gosto bastante dos adereços e aquelas coisas que as mulheres gostam, de conversar com as minhas amigas. Acho que consegui um disco feminino com estes temas. Especialmente com o Golden Days, que fala de desamores, daquelas conversas que temos no café com os amigos, aqueles dramas e não dramas. Há ali uma doçura e ao mesmo tempo uma amargo da vida. O facto de ser eu a escrever também me ajuda a interpretar e a escrever musicalmente, de outra maneira.

Ao contrário do outro projecto onde estava inserida este disco é apenas em inglês. Compor em inglês é uma coisa natural?

É mais fácil do que parece. Crescemos a ouvir filmes em inglês, desenhos animados. É quase uma segunda língua, em Portugal. Para mim é mais fácil escrever em inglês do que em Português. Não quer dizer que não vá escrever em Português, no próximo disco, mas foi espontâneo neste. Na altura, quando escrevi este disco ainda pertencia aos MESA. Fiz isto para haver uma distinção do meu trabalho nos MESA e para as pessoas não pensarem que tinham mudado de sonoridade.

A sonoridade das canções inseridas nesse registo revelam também a sua faceta. É assim que se identifica musicalmente?

Como sou eu que escrevo, estou a dar tudo. Estou a ir buscar imaginários e não imaginários, coisas que eu já vivi e não vivi. Não me entregam a letra e eu tenho depois de perguntar o que é que as coisas querem dizer. Como sou eu que escrevo é muito mais fácil. Sei o que quer dizer, e logo sei como interpretar e como fazer a música.

Após a reedição do disco de estreia este ano poderá haver um novo single, poderá apostar noutra canção para promover o disco?

Vai haver um novo single, mas não posso revelar ainda.

Depois do primeiro disco e do sucesso inerente já há planos para o segundo registo?

Nunca páro de trabalhar. Fiz este disco e há temas que não entraram. Há sempre aquela triagem que se faz e ficam sempre temas de fora. Apesar disso, estou sempre a escrever. Acabei de fazer este disco e continuei sempre a fazer temas. É aquilo que mais gosto de fazer. Já estou a trabalhar no próximo disco, mas sem pressas, este disco ainda tem muito para dar. Claro que vai haver um segundo disco.

Este Verão de 2012 vai ter muitas actuações, no nosso país?

Felizmente, tenho tido um ano cheio de concertos. E daqui para a frente haverá ainda mais. Temos andado pelo país, cada vez mais as pessoas se vão apercebendo que é uma portuguesa que canta o Golden Days e o Go Go Go e tendem a querer contratar. Felizmente para mim, que quero mostrar e levar o meu trabalho aos meus fãs, que estão espalhados pelo país fora.

Alguns dos artistas portugueses não terão pouca confiança para apostar tudo na internacionalização?

Acho que se tornou um mito que os portugueses nunca conseguem fazer nada lá fora. Logo, toda a equipa que está em volta e as editoras nunca tentam fazer nada, porque acham que não é possível. Talvez seja mais fácil, cantando em inglês conseguir alguma coisa. Não quer dizer que não se consiga em português, a Mariza por exemplo. Claro que é fado e é algo totalmente diferente. Mas o Pedro Abrunhosa já fez e outros meus colegas de trabalho também, nomeadamente no Brasil. Felizmente tenho uma equipa que aposta e acredita que se pode fazer tudo e mais alguma coisa. Estamos a apostar nisso.

MF-06.jpgEm termos gerais a produção nacional atravessa um bom momento?

Acho que sim. Portugal está cada vez mais a dar valor aos seus artistas.

Apesar de ainda se dar muito destaque, sobretudo em festivais, a bandas internacionais. Lá fora, quase sempre o artista que fecha é nacional, cá é o contrário. Os portugueses vão para palcos mais pequeninos e abrem os concertos para os internacionais. Isto devia mudar. As rádios têm um grande peso nisso. Os produtores ouvem o que as rádios dizem e apostam naquilo que está a passar no momento. Temos bons e grandes artistas em Portugal, não é sempre preciso fechar com internacionais.

Eventos como o Rock in Rio ganham mais importância porque têm 100% de produção nacional?

É muito importante que as rádios, as câmaras, quem está por detrás destes concertos, aposte no Nacional. Porque sem vocês, não há concertos. Têm de apoiar os artistas portugueses para continuarmos a produzir e a fazer aquilo que mais gostamos.

 
 
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