Golden Days de Mónica Ferraz
Depois do projecto Mesa está a 100% na sua carreira
a solo. É um novo capítulo onde está a apostar tudo por tudo?
Exactamente. É um start e nunca
stop. Agora estou a dedicar-me completamente à minha carreira a
solo. É um início e pretendo continuar durante muitos anos. É
aquilo que eu mais gosto de fazer na vida. É a minha vida.
O seu disco
de estreia a solo foi editado em 2010 e continua muito actual. Está
satisfeita com o feed-back destes dois anos?
É muito positivo. Demorou algum
tempo até as pessoas perceberem que era uma portuguesa e quem era
que cantava, nomeadamente os meus fãs. Não sabiam que era eu que
cantava o Golden Days e o Go Go Go, pensavam que era uma americana.
Demorou algum tempo até as pessoas perceberem, por isso, esta
segunda edição, do meu trabalho.
O álbum tem
um tema fortíssimo que é Golden Days uma canção impressionante, já
com muita longevidade radiofónica. Foi uma surpresa o airplay
obtido com esse single?
É sempre uma surpresa quando
lançamos um primeiro disco e termos a aceitação que está a ter até
agora. Uma boa aceitação pelo público e pela rádios. Todas as
rádios me estão a apoiar muito. É muito bom, dá-nos um incentivo
ainda maior. É o primeiro trabalho, há ali uma fragilidade quando o
lançamos. Apesar de já andar aí há muitos anos é o meu primeiro
trabalho a solo. O Golden Days foi um dos primeiros temas que
escrevi e compus ao piano. Mas, esta roupagem que levei para o
disco é completamente diferente, com metais e aquela parafrenália
toda de instrumentos. Quando estava a compor já ouvia aqueles
metais todos, mas, de facto, compus aquilo ao piano e era uma
música um bocadinho mais crua. Quando comecei a perceber que estava
a ter este sucesso todo, adorei, com é evidente. Dá-me mais força
para continuar e fazer aquilo que gosto, mais uma vez.Escrever
aquilo que sinto. Neste caso, queria fazer um disco feminino, que
transmitisse tudo aquilo que sou. Gosto bastante dos adereços e
aquelas coisas que as mulheres gostam, de conversar com as minhas
amigas. Acho que consegui um disco feminino com estes temas.
Especialmente com o Golden Days, que fala de desamores, daquelas
conversas que temos no café com os amigos, aqueles dramas e não
dramas. Há ali uma doçura e ao mesmo tempo uma amargo da vida. O
facto de ser eu a escrever também me ajuda a interpretar e a
escrever musicalmente, de outra maneira.
Ao
contrário do outro projecto onde estava inserida este disco é
apenas em inglês. Compor em inglês é uma coisa natural?
É mais fácil do que parece.
Crescemos a ouvir filmes em inglês, desenhos animados. É quase uma
segunda língua, em Portugal. Para mim é mais fácil escrever em
inglês do que em Português. Não quer dizer que não vá escrever em
Português, no próximo disco, mas foi espontâneo neste. Na altura,
quando escrevi este disco ainda pertencia aos MESA. Fiz isto para
haver uma distinção do meu trabalho nos MESA e para as pessoas não
pensarem que tinham mudado de sonoridade.
A
sonoridade das canções inseridas nesse registo revelam também a sua
faceta. É assim que se identifica musicalmente?
Como sou eu que escrevo, estou a
dar tudo. Estou a ir buscar imaginários e não imaginários, coisas
que eu já vivi e não vivi. Não me entregam a letra e eu tenho
depois de perguntar o que é que as coisas querem dizer. Como sou eu
que escrevo é muito mais fácil. Sei o que quer dizer, e logo sei
como interpretar e como fazer a música.
Após a reedição do disco de estreia este
ano poderá haver um novo single, poderá apostar noutra canção para
promover o disco?
Vai haver um novo single, mas não
posso revelar ainda.
Depois do
primeiro disco e do sucesso inerente já há planos para o segundo
registo?
Nunca páro de trabalhar. Fiz este
disco e há temas que não entraram. Há sempre aquela triagem que se
faz e ficam sempre temas de fora. Apesar disso, estou sempre a
escrever. Acabei de fazer este disco e continuei sempre a fazer
temas. É aquilo que mais gosto de fazer. Já estou a trabalhar no
próximo disco, mas sem pressas, este disco ainda tem muito para
dar. Claro que vai haver um segundo disco.
Este Verão
de 2012 vai ter muitas actuações, no nosso país?
Felizmente, tenho tido um ano cheio
de concertos. E daqui para a frente haverá ainda mais. Temos andado
pelo país, cada vez mais as pessoas se vão apercebendo que é uma
portuguesa que canta o Golden Days e o Go Go Go e tendem a querer
contratar. Felizmente para mim, que quero mostrar e levar o meu
trabalho aos meus fãs, que estão espalhados pelo país fora.
Alguns dos
artistas portugueses não terão pouca confiança para apostar tudo na
internacionalização?
Acho que se tornou um mito que os
portugueses nunca conseguem fazer nada lá fora. Logo, toda a equipa
que está em volta e as editoras nunca tentam fazer nada, porque
acham que não é possível. Talvez seja mais fácil, cantando em
inglês conseguir alguma coisa. Não quer dizer que não se consiga em
português, a Mariza por exemplo. Claro que é fado e é algo
totalmente diferente. Mas o Pedro Abrunhosa já fez e outros meus
colegas de trabalho também, nomeadamente no Brasil. Felizmente
tenho uma equipa que aposta e acredita que se pode fazer tudo e
mais alguma coisa. Estamos a apostar nisso.
Em termos gerais a
produção nacional atravessa um bom momento?
Acho que sim. Portugal está cada
vez mais a dar valor aos seus artistas.
Apesar de ainda se dar muito
destaque, sobretudo em festivais, a bandas internacionais. Lá fora,
quase sempre o artista que fecha é nacional, cá é o contrário. Os
portugueses vão para palcos mais pequeninos e abrem os concertos
para os internacionais. Isto devia mudar. As rádios têm um grande
peso nisso. Os produtores ouvem o que as rádios dizem e apostam
naquilo que está a passar no momento. Temos bons e grandes artistas
em Portugal, não é sempre preciso fechar com internacionais.
Eventos
como o Rock in Rio ganham mais importância porque têm 100% de
produção nacional?
É muito importante que as rádios,
as câmaras, quem está por detrás destes concertos, aposte no
Nacional. Porque sem vocês, não há concertos. Têm de apoiar os
artistas portugueses para continuarmos a produzir e a fazer aquilo
que mais gostamos.