Entrevista
«Há uma geração que quer ouvir músicas em português»
Os dois últimos anos
têm sido explosivos na tua carreira. Têm sido uma roda-viva, no bom
sentido?
Sem dúvida. A minha música
tornou-se mais conhecida. Todos os anos proponho-me a atingir
pequenos objetivos, e esses anos têm sido marcados por conquistas e
objetivos alcançados. Mais do que isso, tenho conseguido viver o
sonho de fazer música, o que é ótimo porque divirto-me muito a
fazer isto. Os singles «Dizer que Não» e «Nada Errado», com a
participação do António Zambujo, têm-me ajudado a percorrer o
país.
O «Dizer que Não» tem já
8 milhões de visualizações no YouTube. Por outro lado, é talvez o
tema português que mais rodou nas rádios nos últimos tempos. É
gratificante ter este apoio?
Claro. É o reconhecimento daquilo
que estamos a fazer. Quando fazemos uma música em estúdio não temos
a certeza da resposta que vai obter. A recompensa surge, mais
tarde, quando vemos que as rádios passam a canção e as pessoas a
cantam nos concertos.
Como é o processo de
composição?
Todas as minhas músicas que
correram melhor e de que as pessoas mais gostam, foram escritas em
pouco tempo. São canções mais sentidas e que saíram naturalmente.
Por exemplo, a música com o Zambujo foi escrita na hora, em pleno
estúdio. É uma música que fala sobre relações, sobre a minha
mulher. Curiosamente, para o tema «Dizer que Não» demorámos quase
um ano para encontrar a pessoa ideal para cantar o refrão, que
acabou por ser o Matay. Tudo aconteceu muito naturalmente.
Esse tema conta com a voz
soul de Matay, mas entre as parcerias surgem, noutras canções,
nomes como os de Agir ou António Zambujo. São importantes as
parcerias?
Sim, isso também tem muito a ver
com as minhas maiores influências, o rap e o reggae, onde sempre
existiu a tendência para participações especiais. Sei como quero
que as músicas soem e, quando estamos gravar em estúdio, vem-me à
cabeça pessoas com quem gostava de colaborar. É uma coisa que irá
continuar a acontecer.
São diversos os ritmos
que se fundem na tua música, desde r&b, reggae ou hip hop. É um
caldeirão de estilos musicais?
É verdade. A forma de expressão
principal é o rap. Mas depois tenho muitas influências de r&b,
soul, reggae… Vamos beber um bocadinho a esses estilos todos e,
depois, sai o nosso som.
O que pode adiantar
sobre o novo disco?
Isso ainda é segredo.
Poderá haver alguma
incursão pela eletrónica?
É possível. Não sou grande fã,
mas pode acontecer uma abordagem à eletrónica se misturada com
aquilo de que nós gostamos mais. O próximo single tem influências
de música eletrónica.
Alguns dos temas de
Dengaz passam nas pistas de dança remisturados. Concorda com esse
trabalho?
Não sou contra. É uma questão de
gosto. Gosto de algumas remisturas, não gosto de outras. No sentido
de utilização da música não vejo problema nenhum. No sentido de
comercialização já é outra conversa.
As canções são cantadas
em português. Vivemos numa altura em que os grupos que cantam na
nossa língua são cada vez mais populares?
Eu nem sei fazer de outra
maneira. Só sei cantar em português. Não deve ser fácil fazer rap
numa língua que não é a nossa. O rap depende muito da entoação, das
brincadeiras com as sílabas, do calão… Quanto à popularidade da
música cantada em português, uma parte do mérito caberá às bandas e
artistas, mas pertence principalmente a uma geração que quer ouvir
música em português.
Hugo Rafael (Rádio Condestável) com Tiago Carvalho
Facebook Oficial