A irreverência do rock que vem da raia
Moços do Adro
25 anos depois da formação da banda, os
idanhenses Moços do Adro lançam o seu primeiro álbum. A adrenalina
e o rock and roll que fazem furor ao vivo estreiam-se agora no
disco "Filhos do Deserto".
A banda é formada por José Bernardino (Voz); João Belo (Guitarra
ritmo); Eduardo Lopes (Guitarra ritmo); João Pedro Roxo (Guitarra
baixo); João Pedro Soares (JP) - Guitarra solo; Joaquim
Martins (Bateria).
«Filhos do Deserto» é o primeiro álbum dos Moços do
Adro, que têm uma celebrada carreira ao vivo. 25 anos depois de
terem formado a banda, que conceito apresentam neste
trabalho?
"Filhos do Deserto", embora esteja a ser lançado em 2019, é um
álbum que contém músicas compostas desde o nascimento da banda até
à atualidade. Pode-se pensar que músicas com 23 ou 24 anos estão
desatualizadas, mas, quem adquirir o álbum e não conheça os Moços
do Adro, sentirá que são contemporâneas, pois a mensagem nelas
transmitida, quer musicalmente quer nas letras, é bastante atual.
Em termos de conceito, os valores humanos, o amor, a crítica social
foram e são uma marca da mensagem que queremos passar, combinando
elementos do hard rock com o punk rock.
Os Moços do Adro nasceram ligados à academia, nomeadamente à então
Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPCB. Essa aproximação
foi decisiva para a constituição da banda e para o vosso
repertório?
O nascimento dos Moços do Adro teve na sua génese a irreverência
de membros da Academia da ESTIG e elementos da localidade de onde a
banda é originária (Idanha-a-Nova). Dois dos elementos fundadores
dos Moços estavam ligados diretamente ao nascimento da Academia,
nomeadamente à Tuna Masculina e à Tuna Mista da ESTIG. Depois
aconteceu uma junção de vontades de pessoas que se conheciam de
Idanha (quer da Academia quer de fora) para formar uma banda, em
que pudéssemos transmitir em termos de mensagem musical aquilo que
somos como seres humanos.
Como é que hoje estão os Moços do Adro? Mais maduros,
mas com a mesma irreverência?
Sim, os anos passam por todos nós, mas a irreverência nas letras e
no som continua bem presente. Se ouvirmos e alcançarmos a mensagem
do "Teu ideal", uma música com 24 anos que consideramos
perfeitamente atual, ou o tema "Azul Prata", que é recente,
percebemos quer na mensagem, quer no som a irreverência que nos
caracteriza.
Nestes 25 anos de história, o que é que mais marcou os
Moços do Adro?
Na década de 90, no interior, as chances de um punhado de jovens
viverem apenas e só da música era algo inverosímil, pois os apoios
não existiam e as chances de editar um álbum eram praticamente
nulas, tal como fazê-lo chegar às rádios. Nem sequer existiam as
plataformas digitais a que hoje já nos habituámos. Queremos com
isto dizer que o facto dos Moços do Adro se terem mantido durante
este quarto de século, conjugando as vidas familiares e
profissionais de cada elemento com a banda, com encontros e
desencontros característicos do ser humano, penso que foi a maior
vitória para este projeto muito querido em terras raianas.
Logicamente que em 25 anos muita coisa acontece e se há algo que
nos orgulha imenso é o facto de entre 1999 e 2004 termos feito a
primeira parte das mais prestigiadas bandas de rock portuguesas. Há
que salientar também as incursões que nesses cinco anos fizemos por
terras de "nuestros hermanos" onde participámos em diversos
festivais, chegando a ser entre as muitas bandas a concurso, a
única banda portuguesa, e a vir de lá com um honroso segundo
lugar.
Com este álbum está prevista alguma
tournée?
Como atrás referimos, os elementos dos Moços do Adro não são
músicos de profissão. O lançamento do álbum "Filhos do Deserto" é a
concretização de um desejo nosso, que há muito almejámos conseguir,
mais por realização pessoal e de quem nos conhece de há 25 anos a
esta parte e marca assiduamente presença nos nossos concertos.
Assim não está prevista nenhuma tournée, mas sim atuações
esporádicas como aquela que irá acontecer na XXIII Feira Raiana em
que faremos a primeira parte da Áurea dia 20 de julho. Mas quem
sabe, as pessoas não se encantam pela nossa música e em breve
estamos nos tops e a correr Portugal de lés a lés.
Hoje, com a internet, o acesso à música e aos seus conteúdos é
mais fácil. Com este trabalho esperam também tirar partido dessa
globalização?
No próximo dia 29 de julho será feita a apresentação e lançamento
do álbum no Centro Cultural Raiano em Idanha-a-Nova. A partir desse
dia, o formato físico do álbum ficará disponível para venda ao
público e também estará acessível em cerca de 100 plataformas
digitais online, como a Apple Music, iTunes, Shazam, Spotify, para
download das músicas. Temos previsto o lançamento de um single
antes da apresentação oficial do álbum e que acontecerá apenas nas
plataformas digitais.