Diogo Menasso quer fazer a festa
Diogo Fernandes, mais conhecido por Diogo
Menasso, é uma das mais recentes surpresas na música de
dança. O talentoso DJ faz do amor pela música o seu maior
trunfo para voos mais altos. Com o tema «We Gonna Party» tem levado
a festa aos «clubs» e festivais portugueses.
Comecemos
pelo novo single, «We Gonna Party», que conta com uma colaboração
com o vocalista D-Ro. Como surgiu?
Este tema surgiu de um instrumental
em que eu andava a trabalhar há algum tempo. Queria juntar
influências mais antigas com as novas influências que tenho
absorvido. Digamos que queria fazer a transição do antigo Diogo
Menasso para o novo Diogo Menasso. A colaboração com o D-Ro já
vinha de um trabalho anterior que me deixou bastante satisfeito com
os vocais, por isso, propus-lhe nova colaboração.
Ainda sobre
este tema, como nasceu a ideia para a sua composição? Como costuma
funcionar o processo criativo?
Cada tema é um tema. Neste caso
surgiu da junção de três ideias. As melodias do piano e dos
sintetizadores, na parte mais calma da música, eram inicialmente
para outro projeto que nada tinha a ver com este, mas também a
parte da batida era para outro projeto. Peguei em todos esses sons
e reconstrui as ideias para criar uma só música. Mas, na verdade,
as melodias podem nascer em qualquer altura.
Já o tema
«Spam Attack» explora uma vertente mais eletrónica e parece ser
fruto da mudança de som que tens incutido na tua carreira.
Sim, ao longo dos tempos o meu
trabalho tem sofrido várias mudanças. Acho que isso tem sobretudo a
ver com a minha personalidade enquanto produtor. Procuro sempre
novas sonoridades e novos caminhos. Tento fazer coisas diferentes
na busca de maior dinamismo enquanto produtor, o que se reflete
depois enquanto DJ e nas minhas atuações.
Essa
mudança de sonoridade poderá abrir portas a nível
internacional?
Sim, um dos aspetos que tem
motivado mais reações a nível internacional é a minha nova
sonoridade. Está mais próxima dos estilos progressivo e electro e,
por isso, tenho conseguido melhor feedback de produtores
internacionais. Através disso têm surgido parcerias que estão em
andamento.
Quais têm
sido as reações a esta onda mais eletrónica?
Em
termos de público, aos poucos estou a alcançar novas pessoas. No
que se refere à reação de colegas DJs, por incrível que pareça,
tenho surpreendido muitos pela positiva. São pessoas que achavam
que eu só conseguia trabalhar dentro de certos registos e que,
neste momento, começam a olhar para mim com outros olhos e a
perceber que estou preparado para novos voos - que tenho muito mais
para dar do que aquilo que fiz nos últimos anos.
A faceta da
produção tem-se massificado entre os DJs. São muitos os novos nomes
e alguns produzem os seus temas em casa, comprovando que o avanço
das tecnologias veio aumentar a acessibilidade das ferramentas.
Sem dúvida. E no meu entender isso
só veio contribuir para o desenvolvimento da música eletrónica.
Tem-se revelado um conjunto de pessoas com imenso talento, que se
fosse há 20 anos atrás nunca iriam ser conhecidas. Posso dar o
exemplo do [holandês] Martin Garrix que aos 17 anos é um fenómeno
mundial. Os equipamentos que há 20 anos eram necessários para
produzir um som tinham valores que não estão ao alcance de qualquer
produtor, muito menos de alguém tão jovem.
Mesmo em
Portugal, na última década tem havido uma explosão de novos nomes.
Como analisas esta evolução e a qualidade das produções?
Tem-se descoberto novos talentos e
tem-se descoberto, também, muitas cópias que não passam de mais do
mesmo. É isso que a maioria faz: cria réplicas de sons já
existentes. Entendo que cada um é livre de fazer aquilo que quer,
mas acho que se essas pessoas têm algum talento, devem tentar criar
algo mais pessoal. Algumas delas até poderão conseguir furar o
mercado com temas que são praticamente versões de outras canções,
mas para a maioria não será esse o caminho. Todos os dias recebo
algumas faixas de música e o que noto é que, cada vez mais, os
novos produtores perdem menos tempo em volta de um tema.
O facto de
produzir e editar temas próprios contribui para o agendamento de
atuações ao vivo?
Claramente. Hoje em dia um DJ
tornou-se praticamente num músico. Quem é da velha guarda alcançou
um certo estatuto no mercado que permite agendar datas apenas com o
seu trabalho de DJing. Mas para a nova geração de DJs, a faceta de
músico e produtor representa cerca de 90% do trabalho. Os restantes
10% correspondem à parte de Djing, pois cada vez mais as pessoas
vão aos espetáculos dos DJs para ouvir os seus temas.
Na cena pop
estrangeira é muito habitual que a edição de singles seja
acompanhada de remisturas do tema. Por cá esse hábito ainda não
está incutido. Há algum tema a que gostavas de dar o teu cunho
pessoal?
Sinceramente, não me tenho focado
nisso. Há uns anos tentei remisturar vários artistas nacionais e
todas as portas me foram fechadas. Há uma grande barreira entre a
música eletrónica e a música pop nacional. Existe uma espécie de
muro de Berlim que nos separa dos artistas, produtores e editoras.
O porquê não o sei. No panorama internacional é normal sair a
versão acústica do single acompanhada de uma ou mais versões
eletrónicas, mas no nosso país não percebemos que só unindo forças
vamos mais longe.
O verão
aproxima-se a passos largos. Como está a agenda para os próximos
meses?
Tenho algumas coisas agendadas para
este verão. Parece que vai ser ainda melhor que o verão do ano
passado. Tenho cerca de cinco ou seis festivais já confirmados,
alguns deles com alguma expressão nacional. O início do ano foi
difícil, mas felizmente perspetiva-se muito trabalho.
Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
Facebook oficial de Diogo Menasso