Entrevista

Curta-metragem
A Fábrica que vai a Cannes representar Portugal

82570275_3129640253732573_2316304170862247936_n.jpgO filme "A Fábrica", do realizador Diogo Barbosa e com produção de Alexandre Pinto Lobo, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, vai representar Portugal no Festival de Cannes, na categoria de Short Film Corner. O festival decorre entre os dias 18 e 22 de maio.

Criada no âmbito da maior competição de curtas metragens do mundo, "A Fábrica" começou por vencer a edição de Castelo Branco de 2019 do 48 Hour Film Project (festival apoiado pela Câmara albicastrense), representando a cidade no ano seguinte no Filmapalooza 2020, em Roterdão (Países Baixos), onde venceu. Alexandre Pinto Lobo fala desta curta e de objetivos futuros da dupla albicastrense.

Como é que surgiu este projeto?

Este projeto surgiu de um convite feito pelo Diogo Barbosa para participarmos na edição do ano passado (março) do 48 Hour Film Project, em Lisboa. Aí apresentámos a nossa primeira curta em conjunto "O Dedo Podre", com a qual alcançámos o 3º lugar.

Mas como não queríamos ficar por aqui, e já que Castelo Branco é a nossa cidade, decidimos participar neste último 48 Hour Film Project Castelo Branco, que deu origem à curta "A Fábrica".

Esta curta envolve já atores portugueses conceituados…

O Diogo trabalha numa produtora em Lisboa, a SP Produção, e contacta com esses atores todos os dias. Esse facto permitiu que eles aceitassem o nosso desafio. Foi uma experiência fantástica, tanto para os produtores como para os próprios atores, passámos 48 horas num ambiente muito animado, apesar do "stress" para entregar tudo a tempo.

O argumento reflete o fim de uma fábrica e de muitas ligações. Qual a razão por escolherem este caminho?

A nossa aposta foi de darmos algo a quem visse o filme. E ele fixa-se na pessoa até ao final. Houve uma altura, em Portugal, que muitas fábricas fecharam, que muitos patrões para não deixarem mal os empregados tinham de vender tudo e alguns acabaram por se suicidar, devido ao desespero. Tentámos traduzir isto para uma curta, e o resultado final está à vista.

Este vosso trabalho já recebeu dois prémios e vai a Cannes. Estava nos vossos horizontes conseguir tudo isso?

Sinceramente nem eu nem o Diogo, ou a equipa, estávamos à espera de chegar tão longe. Sabíamos que tínhamos um bom produto para apresentar, mas o facto de não ter falas colocava-nos algum receio de que o público não compreendesse a história.

E agora vão representar Portugal num dos mais emblemáticos festivais de cinema do mundo…

Levar Portugal a Cannes é um orgulho imenso. Mas é um orgulho ainda maior levar o nome da nossa cidade (Castelo Branco) a Cannes, e sermos os primeiros portugueses a estar neste festival. Quando estávamos na Holanda e disseram o nome da nossa curta foi uma coisa que nunca esperei na vida, uma emoção enorme, ver o nosso trabalho reconhecido a nível mundial.

Há mais curtas para realizar?

Eu e o Diogo quando fazemos algo tem que ser perfeito. Se não for dessa forma preferimos não fazer. Esta nossa postura ajuda muito a ligação entre um e outro. Se há mais curtas na manga? Poderá haver, mas tem de ser algo que marque sempre pela diferença, que o público não esteja à espera.

 
 
 
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