Entrevista

Entrevista
Jimmy P a família em primeiro lugar

O "rapper" português Jimmy P, alter ego de Joel Plácido, acaba de lançar o seu segundo trabalho discográfico. «Fvmily F1rst» coloca família e amigos  em primeiro lugar e oferece uma dose bem medida de Rap e R'n'B.

«Fvmily F1rst» (a família primeiro) é o título do novo álbum. O que levou à escolha desta expressão?

«Family First» é uma expressão que tem a ver com a nossa forma de estar e a nossa forma de trabalhar. Tenho a sorte de poder trabalhar com pessoas que conheço há cerca de dez anos - são as pessoas que já me acompanhavam quando ninguém me conhecia. Portanto, o que fizemos neste disco não é assim tão diferente daquilo que estamos habituados a fazer. Foi simplesmente o resultado de todo o nosso trabalho. Achei que fazia todo o sentido dar ao álbum este título.

capa.jpgPara quem ainda não teve oportunidade de o escutar, que diferenças consegue apontar em relação ao primeiro registo?

O meu primeiro disco era um disco muito mais heterogéneo, no sentido em que tinha mais intervenientes - mais convidados, mais músicos, mais produtores -, que tornavam o disco mais diversificado. Apesar de ter o Rap como pano de fundo e como forma de expressão artística, os temas eram pintados com todas as influências que me definem. Já neste segundo disco, decidi concentrar toda a minha energia nos dois estilos que me apaixonam verdadeiramente, que é o Rap e o R'n'B. Este disco é um crossover assumido entre esses dois estilos.

São dois estilos musicais que estão a ganhar terreno no mercado nacional?

Acho que sim. Acho que são estilos que sempre tiveram ouvintes por cá. Ainda que a história do hip hop, como universo cultural, seja relativamente recente em Portugal. Nunca foi um fenómeno de massas, mas isso tem acontecido nos últimos anos. Os artistas que praticam estes estilos começam a estar mais expostos nas rádios e na comunicação social. E isso começa a seduzir mais ouvintes, a par da utilização da internet como ferramenta de promoção.

O single de avanço deste álbum, «On Fire», soma mais de 700 mil visualizações no Youtube. É um feedback interessante?

Sim. Escolhi este tema como single de avanço porque, entre as canções do álbum, é a que melhor define a estética do disco, o tal crossover entre Rap e R'n'B. Achei que seria um bom aperitivo para despertar interesse pelo disco.

É um tema que tem ganho airplay nas rádios. Imagino que isso o deixe satisfeito.

Claro. Este meio [hip hop] era visto como um meio um bocado marginal, mas as pessoas já o começam a aceitar melhor. As grandes rádios que à partida não passariam Rap começam a revelar maior abertura, a reconhecer a qualidade da música que se faz.

O disco conta com um interessante naipe de colaborações: Valete, Dj Ride e Fred Ferreira (Buraka Som Sistema, Orelha Negra, Banda do Mar).

Acho que, acima de tudo, o que fez este disco resultar foi a relação que existe entre as pessoas. Diz-se que é importante dissociar as relações pessoais das relações profissionais, mas a verdade é que o que fez este disco resultar foram precisamente as relações pessoais. A amizade tornou possível fazer estas coisas todas, porque quando é assim tudo se faz de forma muito mais apaixonada e muito mais orgânica. Estamos orgulhosos daquilo que conseguimos fazer.

Em Portugal os músicos optam, cada vez mais, por essas parcerias?

Apenas posso falar da minha experiência. Gosto muito de colaborar com outros artistas, porque acho extremamente enriquecedor estar na presença de pessoas que tiveram um percurso distinto do meu e que na sua carreira também fizeram coisas interessantes. O que sinto é que nem sempre há essa abertura por parte dos músicos. Parece que muitas vezes as pessoas julgam que têm alguma coisa a defender quando, no fundo, isto é um movimento coletivo. Mas essas parcerias já começam a acontecer mais e o hip hop é o espelho das colaborações. Os artistas apoiam-se uns aos outros de forma a puxarem-se para cima.

jimmy-p-2-_--¬-carlos-ramos.jpgPara um artista é sempre importante ver o seu trabalho reconhecido. No currículo do Jimmy P há, por exemplo, o prémio de Artista Revelação dos Portuguese Festival Awards. É o reconhecimento do trabalho realizado?

Há três coisas importantes a reter no que diz respeito a esse prémio. Em relação à minha pessoa é um prémio que talvez me dê alguma credibilidade como artista. Por outro lado, abre um precedente para os artistas do universo hip hop que vêm atrás. Se não me engano fui o primeiro artista de Rap a ganhar um prémio destes. Em terceiro lugar, não é apenas um prémio meu, mas é também um prémio para o hip hop. Sabemos que nem todas pessoas veem esta expressão artística e universo cultural com bons olhos. Se houver mais pessoas a ganharem este tipo de prémios, talvez o consigam valorizar e respeitar como deve ser.

Importante é também o convite para os grandes festivais de verão e os concertos que tem pela frente.

Será fantástico atuar em festivais de verão. Mas os meses de março e abril já são uma loucura absoluta. Temos quase todos os fins-de-semana cheios. É um bom sinal.

Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
Carlos Ramos
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
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