O novo Álbum
O Frente e Verso de Ricardo Azevedo
O
primeiro avanço deste mais recente trabalho, Frente e Verso, já é
conhecido há algum tempo. No YouTube está próximo das 220 mil
visualizações. O Amor não me Quer Encontrar foi um bom avanço para
o álbum?
Sem dúvida. Estou muito contente. A
música já está a tocar há quase um ano, na rádio. Houve momentos em
que pensei que não estivesse a funcionar. Mas, com alguma
insistência, as rádios nacionais e as rádios locais foram tocando.
Depois, com a novela a música começou a ganhar uma maior
notoriedade. Estou feliz, há cada vez mais pessoas, na Internet, a
dizer que gostam da canção. Isso deixa-me orgulhoso e confiante
para o resto do disco.
Pode-se dizer que se trata
de um disco de continuidade, comparando com os anteriores
registos?
Sim, claro. São sempre canções
simples, melodiosas. Onde tento arriscar mais é na vestimenta das
canções. Trazer ambientes distintos para criar nas canções uma
identidade própria. Mas, há continuidade e essa é uma das minhas
características.
No processo criativo das
músicas há um lado pop, um lado rock e também um lado acústico à
mistura…
Sim. Gosto de ser versátil. Não
gosto de estar sempre a fazer o mesmo tipo de música, ambiente ou
ritmo. Quero variar e isso é notório nas minhas canções. Se fossem
só baladas, ou músicas ritmadas, até poderia ganhar alguma coisa
com isso. Não sei. Mas é assim que me sinto feliz, é como nos
concertos. São dinâmicos, gosto de fazer essas viagens e ter
momentos diferentes.
No fundo surgem também
histórias do quotidiano?
Não me consigo distanciar daquilo
que somos enquanto seres sociais. Também transporto aquilo que vejo
à minha volta, na televisão, nas vivências dos amigos e nas minhas
próprias vivências. Tento fazer que as pessoas se identifiquem com
as canções, que estas sejam um reflexo das suas próprias vidas.
Este é o seu terceiro
trabalho a solo, depois dos EzSpecial. Está satisfeito com o
sucesso alcançado até esta altura?
Tenho orgulho no sucesso que tive
no passado, com os EzSpecial, como tenho orgulho com este trabalho
a solo. Mas, são momentos distintos. EzSpecial foi uma descoberta
de tudo: o início, a frescura, o cantar em inglês. Foi um sucesso
inesperado. A solo, também foi uma boa surpresa. Nada garantia que
as coisas iam correr bem. Felizmente, correram. Agora quero é
cantar o melhor que posso, fazer as melhores canções e os melhores
espectáculos. Tentar chegar, como qualquer artista, com qualidade
às pessoas e cativá-las.
No
futuro poderá haver nova possibilidade de se juntar a um
grupo?
Penso que sim. Gosto muito da
independência que tenho, a todos os níveis. De ser eu a tomar as
decisões, de fazer o que quero fazer, criativamente, etc. Mas não
descarto essa possibilidade. Gostava de fazer um projecto
diferente, também para cortar a rotina da minha própria solidão.
Isso só o futuro o dirá. Teria que ser um projecto interessante.
Nunca se sabe. Não digo que não, logo à partida.
O novo frente e verso
apresenta canções cem por cento em português. No futuro pondera
voltar a gravar em inglês…
Nunca deixarei o português. Foi uma
conquista, uma descoberta, uma aprendizagem. No entanto também
tenho algumas saudades da forma como fazia as canções em inglês, da
própria sonoridade. Gostava de voltar a esse universo, nem que
fosse só por uma canção ou duas. Tenho essa vontade e certamente,
se houver saúde, isso vai acontecer.
Alguns dos singles tiveram
uma visibilidade extra, quer com as bandas sonoras das novelas,
quer com a publicidade televisiva. Foi mais uma âncora para dar a
conhecer os temas da sua carreira?
É preciso ter sorte para sobressair
em qualquer área. Na música é difícil, porque estão sempre a surgir
novos cantores, novos compositores. Através de uma publicidade, ou
de uma novela, as pessoas reparam que existe uma canção. E se
tivermos sorte, também reparam no artista por detrás da canção.
Mas, não podemos ficar presos a uma memória, ou a uma publicidade
que existiu. Tem de se trabalhar e aparecer com canções que digam
algo às pessoas. É isso que procuro fazer. Não quero ficar
dependente de publicidades que poderão aparecer. Quero trabalhar
através de meios clássicos: rádio, televisão, imprensa, Internet.
Procurar chegar às pessoas, é essa a minha motivação. E tentar
fazer as melhores canções.
O Single Pequeno T2 deu
vida ao spot publicitário de um conhecido banco português. O tema
surgiu no timing certo? Nesta altura não teria a mesma
sorte?
É verdade. A música fala em sair de
casa e do conforto dos pais e procurar independência. Hoje é
impossível. Os bancos não estão interessados em emprestar dinheiro
às pessoas. A música, hoje, certamente, não teria esse veículo,
teria de furar pelos meios tradicionais. Temos também de olhar para
as publicidades como um casamento: tem de ser o momento certo, com
a marca, a canção, o artista, o timing certos.
Foram fases pelas quais tenho
carinho, mas já passaram. Agora quero é trabalhar e fazer boas
canções. O resto é história.
Poucos dias após a
colocação do disco no mercado, surgiu logo a possibilidade de
download ilegal na Internet. Qual é a sua opinião sobre os
downloads ilegais?
As editoras já não tem capacidade
de pagar os discos aos artistas e estes têm de assumir inteiramente
as suas carreiras e fazer a sua gestão. Também assumi essa gestão,
depois de ter estado vinculado à Universal. Actualmente, temos um
mercado em crise, (não só na música) mas, a música já está em crise
há muito tempo. Temos de investir muito dinheiro e torna-se
complicado quando não há retorno. Com a crise, as pessoas não estão
a comprar CDs e procuram facilmente a música na Internet. Percebo
isso. As pessoas têm dificuldade em comprar as canções. Mas,
haveria de existir alguma forma de compensar os prejuízos que
existem com os downloads ilegais. Poderiam ser os próprios
servidores da Internet a pagar um imposto. Nós também precisamos de
pôr pão na mesa.
Hugo Rafael
(Rádio Condestável)
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