Entrevista

Ticha Bredas, a história da campeã mundial Powerlifting

aaaaa.jpgTicha Bredas viajou até aos Estados Unidos para conquistar o título de campeã mundial de Powerlifting. Aos 23 anos, a atleta de Penha Garcia, Idanha-a-Nova, arrasou a competição.

Sagraste-te este mês Campeã Mundial Júnior e Overall de Powerlifting. Quais foram as sensações

que tiveste?

Foi inesquecível. Estive uma semana a competir nos Estados Unidos e acabei por vencer todas as provas e bater os recordes mundiais. Depois de todo o esforço e de toda a dedicação, a vitória no campeonato do Mundo de Powerlifting era o melhor prémio que podia ter recebido.

 

És também bicampeã portuguesa. Quando partiste para os Estados Unidos, estavas confiante num bom resultado?

Sabia quais eram os recordes mundiais e já tinha levantado pesos superiores em competições nacionais. Por isso, estava confiante, mas tentei não colocar as expectativas demasiado elevadas. Não queria acabar por me desiludir. Felizmente, os resultados apareceram.

 

Como é que surgiu o interesse no powerlifting?

Começou pelo culturismo. Em 2013 competi na modalidade de Bikini Fitness. No ano seguinte queria competir novamente, mas o meu preparador achou que me faltava massa muscular. Continuei a treinar com ele, cada vez com mais peso, e sugeriu-me então competir em powerlifting, um desporto de força. Competi pela primeira vez em 2015.

 

Tens algum tipo de acompanhamento a nível técnico e nutricional?

Tenho. É importante ter um treino muito rigoroso e levar sempre o corpo ao limite - tentar fazer sempre mais. No que toca a alimentação é preciso ter algum cuidado para potenciar o trabalho realizado nos treinos. Por exemplo, ingerir mais proteína e, a seguir ao treino, comer hidratos de carbono para repor a energia.

 

Tens uma atividade profissional que concilias com a prática desportiva. Como é que organizas o teu dia-a-dia?

Tento mentalizar-me que o dia tem 24 horas e que eu apenas trabalho oito. Assim, tenho oito horas para me dedicar aos treinos e preparar as refeições. As restantes oito são para dormir e descansar.

 

Os apoios para prática desportiva em Portugal são escassos. Sentiste maior dificuldade por seres uma atleta do interior do país?

A realidade é semelhante em todo o país, seja no powerlifting ou no culturismo, não há apoios para representar Portugal. Sei que uma colega tomou a iniciativa de enviar um email para o Presidente da República, a informar que eu iria competir no estrangeiro e a solicitar apoio, mas a única resposta  que recebeu foi que o Presidente da República orgulhava-se de todas as minhas conquistas e de eu ir representar Portugal. Mas não deu qualquer apoio.

 

bbbbb.jpgComo reuniste então o dinheiro para ir aos Estados Unidos?

Em meados de setembro estava convencida que não iria ter a possibilidade de ir ao Campeonato do Mundo, para o qual me tinha apurado. Na minha página de atleta, no Facebook, expressei tristeza por apenas conseguir competir em provas nacionais, sabendo ter potencial para representar o nosso país a nível internacional.

Ao ler o que escrevi, um grupo de amigos mobilizou-se para angariar apoios. Além disso, contei com os apoios da Junta de Freguesia de Penha Garcia e da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, e de algumas entidades particulares.

E provaste que, mesmo a partir do interior, é possível chegar ao topo.

Claro. Existem condições, basta haver força de vontade.

 

O teu exemplo pode encorajar o surgimento de outras atletas no powerlifting?

Espero que sim. Há muita gente que me diz que sou uma motivação. Mesmo durante a minha competição nos Estados Unidos, sei que houve muitas pessoas a acompanhar online e a gostar da modalidade.

Cada vez mais o desporto está na moda e espero que as pessoas acreditem que é possível fazermos história ao representar o nosso país.

Concretizaste o teu sonho. Quais são os próximos passos?

O meu grande sonho era ser campeã do mundo de powerlifting. E sempre disse que se batesse os recordes mundiais iria deixar por uns tempos a modalidade, porque é muito exigente a nível físico. Agora o meu objetivo é regressar ao culturismo. No dia em que superarem os meus recordes no powerlifting volto a preparar-me para os tornar a bater

Tiago Carvalho
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
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