Carolina Deslandes, em entrevista
«Sou absolutamente portuguesa apesar de cantar em inglês»
Carolina Deslandes é uma das concorrentes do
programa de talentos «Ídolos» de maior notoriedade de sempre. Em
entrevista, faz o balanço do disco de estreia e dá pistas sobre o
segundo álbum, com edição marcada para este ano.
Que
balanço faz da sua jovem carreira?
O balanço é positivo. Sou
muito abençoada. As pessoas recebem muito bem aquilo que eu faço. O
meu primeiro disco é quase todo em português. Tem um registo mais
calmo, mais orgânico. O próximo álbum é mais eletrónico, mais pop e
é cantado em inglês. É um risco que corro. Mas acho que devo às
pessoas a verdade. E a verdade é que é disto que gosto, é isto que
eu ouço e é isto que quero fazer. Acho que quando as coisas são
feitas com verdade, as pessoas acabam por abraçá-las com muito
amor.
A
carolina chegou a estudar direito, mas desistiu do curso para
apostar no sonho da música. Pode dizer-se que não está
arrependida?
Não estou arrependida. Ter um
curso superior é muito importante, e ainda tenciono terminar o meu
curso. Não só para fins de trabalho mas também para exercitar o
cérebro e adquirir novos conhecimentos. Mas não me arrependo de ter
deixado de estudar, naquela altura. Quando uma pessoa tem um sonho
só se pode queixar do sonho não dar certo depois de ter apostado
tudo, depois de ter esgotado todas as oportunidades. Para
conseguirmos viver do sonho da música temos de nos atirar de
cabeça. Não existem músicos nem artistas a part-time.
O
"know-how" adquirido na participação num concurso televisivo e a
permanência em Londres foram determinantes na gravação do último
registo?
Sim, principalmente viver em
Londres. Quem é cantautor vive de escrever coisas que passa e
coisas que vê e ouve à sua volta. Londres tem uma quantidade
exorbitante de habitantes, cenários completamente diferentes dos
que conhecia, música ao vivo por todos os cantos. Fui muito
influenciada pela música que ouvi lá, pelas ruas da cidade. Acho
que só vivendo fora do país percebemos a importância que têm as
nossas raízes. Adoro o meu país. Acho que há poucos jovens tão
patriotas como eu. É importante agradecermos o país que temos e
fazermos mais pelo nosso país. Sou absolutamente portuguesa apesar
de cantar em inglês. Só canto em inglês porque quero que a música
chegue a mais gente, e o inglês é a música universal.
Um dos
singles de maior sucesso com a voz da Carolina é o «Mountains», com
o músico Agir. A parceria é um formato que lhe agrada?
Gosto muito. Tenho uma
característica que é só dividir canções com pessoas com as quais me
identifico. Porque acho partilhar uma canção com um artista é
também associar-nos à ideologia do artista, àquilo que o artista
faz e diz. Acho que o single teve este sucesso todo porque foi
feito com muito amor e muita amizade. A canção surgiu da maneira
mais natural do mundo, não foi uma estratégia de marketing. Ele fez
o instrumental e desafiou-me a fazer alguma coisa com a música,
porque achou que ficaria bem com a minha voz. Em pouco tempo fiz o
rascunho do que viria a ser o tema «Mountains» e compusemos a
canção os dois. A canção é um sucesso porque é genuína e
espontânea.
O
mais recente single, «Carousel», teve direito a diversas versões. É
uma estratégia para chegar aos campos da música
eletrónica?
Sem dúvida. Não sou daquelas
pessoas que vivem a dizer mal dos tempos e da arte. Que, por
exemplo, hoje em dia as músicas têm de ter uma batida para serem
ouvidas. É normal. As pessoas trabalham ou estudam o dia inteiro,
chega o fim de semana e querem divertir-se. E há ritmos que são
mais propícios para as pessoas dançarem do que outros. Nós,
enquanto artistas, temos de nos adaptar aos tempos, e a verdade é
que há cada vez mais festivais com DJs e cada vez mais pessoas a
sair à noite. Foi nesse sentido que foram feitas as remisturas: as
pessoas podem ouvir a canção na rádio quando estão a ir para o
trabalho, ou quando estão em casa no YouTube, ou quando vão sair à
noite para dançar.