O improvável aconteceu. As suas músicas e letras são
inconfundíveis e atravessam gerações. Este mês Bob Dylan foi, aos
75 anos, galardoado com o prémio Nobel da Literatura 2016, "por ter
criado novas expressões poéticas na tradição da canção americana",
anunciou a secretária-geral da Academia, Sara Danius, entre os
aplausos dos jornalistas reunidos no majestoso salão da Bolsa em
Estocolmo.
A sua carreira fala por si e no mundo da música todos aplaudiram o
prémio, que tradicionalmente é atribuído a escritores e que premiou
numa das suas edições o português José Saramago.
Sara Darius disse que o álbum "Blonde on Blonde", de 1966, "é um
exemplo extraordinário da sua forma brilhante de rimar e do seu
pensamento pictórico".
Aos jornalistas, a representante da Academia Sueca lembrou ainda,
quando questionada sobre a especificidade da poesia de Dylan, que
foi escrita para ser cantada, que também Homero e Safo, há mais de
2 mil anos, escreveram poesia para ser ouvida.
Em 2015, o Nobel da Literatura foi atribuído à escritora
bielorrussa Svetlana Aleksievitch.
Com uma voz única, diferente, Bob Dylan tem uma carreira com mais
de cinquenta anos. Desde que, influenciado por Woody Guthrie,
editou o álbum de estreia, "Bob Dylan", em 1962, feito sobretudo de
versões de canções tradicionais.
O seu último álbum foi lançado em maio deste ano. Em "Fallen
Angels", o cantor interpreta músicas americanas clássicas
popularizadas por Frank Sinatra.
O prémio Nobel da Literatura era porventura mais improvável prémio
para distinguir o compositor e músico norte-americano que em 2015
recebeu o Grammy de Personalidade do Ano, na 57a edição dos
galardões de música.
Bob Dylan, de 75 anos, já conquistou dez Grammys (um deles de
carreira, em 1992), foi homenageado na cerimónia com um tributo que
contou com nomes como Neil Young, Jack White, Eddie Vedder, Beck,
The Black Keys, Tom Jones e Los Lobos.
Apesar de ser conhecido pelas suas letras e músicas, Bob Dylan
também escreveu livros, como por exemplo, "Tarantula" (1971), a
autobiografia "Chronicles" (2004), "If Dogs Run Free" (2013) e "If
Not You" (2016).